Saúde
Estudo de regeneração óssea abre caminho para novas terapias baseadas em células-tronco
Reconstrução microtomográfica 3D da formação de tecido ósseo em defeitos criados em crânio de ratos e tratados com células-tronco
Pesquisadores envolvidos em projeto temático financiado pela Fapesp utilizam edição genética para expressar proteína morfogenética óssea
Uma dessas novas possibilidades é a utilização de células-tronco editadas geneticamente (com alteração do DNA) por meio da técnica Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats (CRISPR) para expressar proteínas que atuam na formação óssea, entre elas a proteína morfogenética óssea 9 (BMP-9). Ao testar essas células, os pesquisadores constataram que defeitos ósseos criados no crânio de ratos e tratados com injeção local dessas células exibiram maior formação e densidade mineral óssea, detectadas por microtomografia computadorizada, do que defeitos tratados com células que não expressavam BMP-9. Foi a primeira vez que isso foi confirmado na comunidade científica.
Os melhores resultados foram atingidos, no entanto, quando o meio condicionado, contendo o secretoma (conjunto de proteínas expressas e secretadas no espaço extracelular, neste caso) dessas células modificadas, foi injetado localmente em defeitos ósseos criados no crânio de camundongos. Comparado ao secretoma de células que não expressavam BMP-9, o secretoma das que expressavam aumentou o reparo ósseo, demonstrado pelos maiores volume e superfície óssea avaliados por microtomografia computadorizada. Esses achados abrem caminho para o desenvolvimento de novas terapias para o tratamento de defeitos ósseos baseadas em células e seus derivados.
“Apesar de as células-tronco terem um papel importante – mesmo que não muito bem esclarecido – no processo de formação óssea, essa atuação não é direta: nossa hipótese é que o maior responsável por isso seja o secretoma”, diz Rosa.
Próximos passos
Parte dos dados obtidos pelos pesquisadores foi divulgada em artigos nos periódicos Journal of Cellular Physiology e Gene Therapy, mas eles acreditam que ainda há um longo caminho pela frente a ser percorrido.
“Mais pesquisas devem ser feitas para oferecermos subsídios a estudos clínicos, com pacientes, para transformar o método em uma terapia adicional para os casos graves, em que a consolidação da fratura ou a regeneração do defeito ósseo não são obtidas por meio dos tratamentos convencionais”, acredita Rosa.
“Para isso, é necessário refinar todo o processo para atingir a regeneração óssea completa. Uma dessas possibilidades seria o isolamento de componentes do secretoma celular com maior potencial osteogênico para serem utilizados no tratamento dos defeitos ósseos.”