Valinhos
MP abre Inquérito Civil para investigar irregularidades no processo de venda das ações do DAEV
Concorrência Pública que teve apenas a participação da Conasa Infraestrutura é questionada pelo MP por ausência de informações relevantes e concorrência restrita
A venda de 49% das ações do Departamento de Águas e Esgotos de Valinhos (DAEV) para a empresa Conasa Infraestrutura S/A tem gerado polêmica e uma investigação do Ministério Público. O negócio, que está sendo fechado por R$ 154,8 milhões, uma vez que a segunda fase da licitação aconteceu na última segunda-feira, dia 11, tendo apenas a Conasa como empresa participante, já estava sob investigação do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (GAEMA/PCJ-Campinas), que instaurou no dia 6 de outubro, véspera da realização da primeira sessão da licitação, um Inquérito Civil.
O inquérito foi instaurado pelo promotor Rodrigo Sanches Garcia (GAEMA/PCJ-Campinas), por suspeita de irregularidades no processo licitatório, com base em denúncia recebida no dia 24 de outubro. Além de instaurar o Inquérito, Dr. Rodrigo encaminhou ofício, no dia 7 de outubro, dia do recebimento dos envelopes de habilitação para a Licitação, ao diretor-presidente do DAEV, Claudio Weimar Alonso, informando sobre a instauração do Inquérito e fazendo algumas recomendações a respeito das falhas constatadas no procedimento licitatório.
O Promotor questiona a ausência de informações relevantes no edital da concorrência, como a revisão do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) e as negociações em torno do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre Valinhos e o Ministério Público, no tocante ao saneamento básico do município. Segundo Garcia, essas omissões podem ter prejudicado a concorrência e a transparência do processo.
A Conasa Infraestrutura, única empresa a participar da licitação, apresentou a proposta mínima, de R$ 3,62 por ação ordinária (foram colocadas a venda 42.770.347,02 ações ordinárias) e, caso o processo prossiga, pode se tornada a nova acionista do DAEV S/A. A empresa terá o direito de explorar os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário de Valinhos pelos próximos 35 anos.
A Prefeitura de Valinhos, por sua vez, defende a legalidade do processo e afirma que todas as etapas foram realizadas de forma transparente. O diretor-presidente do DAEV, Claudio Weimar Alonso, justifica a participação de apenas uma empresa na licitação, comparando o caso com a venda de ações da Sabesp.
Os principais pontos questionados pelo Ministério Público são:
Falta de informações sobre a revisão do Plano Municipal de Saneamento Básico: O edital da concorrência não mencionou que o plano estava em processo de revisão, o que pode ter influenciado as propostas das empresas participantes.
Omissões sobre o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC): O edital não detalhou as obrigações estabelecidas no TAC e as negociações em curso, o que pode ter gerado um desequilíbrio econômico no contrato.
Possibilidade de prejuízo para o serviço público: As irregularidades apontadas pelo Ministério Público podem comprometer a qualidade dos serviços de água e esgoto prestados à população de Valinhos.
A investigação do Ministério Público busca apurar se houve irregularidades no processo licitatório e se os interesses da população foram devidamente protegidos. A comunidade de Valinhos acompanha de perto o desenrolar da investigação e espera que todas as dúvidas sejam esclarecidas.
Ao tomar conhecimento da abertura do Inquérito Civil no final da tarde desta quinta-feira, dia 14, a Folha de Valinhos, encaminhou pedido de informação à Assessoria de Comunicação do DAEV, mas não obteve retorno.
A Folha de Valinhos continuará acompanhando o caso e informando a população sobre os próximos passos.