SAÚDE DA MULHER

Saúde

Dói colocar o DIU? 10 coisas que você precisa saber sobre o método

Dispositivo é seguro e fácil de ser inserido, mas vale conversar com seu médico sobre formas de aliviar o desconforto; conheça indicações e cuidados necessários

 

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

O dispositivo intrauterino (DIU) é extremamente seguro e eficaz, tem algumas vantagens sobre outros métodos, como as pílulas, e ainda permite que a mulher passe vários anos sem se preocupar com a contracepção. No entanto, muitas acabam descartando essa opção por medo de sentir dor durante a colocação.

O procedimento para inserir o dispositivo é rápido, mas envolve um grau de desconforto que varia muito de mulher para mulher, pois depende da tolerância, de experiências prévias, expectativas e até de condições de saúde mental, como ansiedade e depressão. “Mas a grande maioria consegue suportar as cólicas”, diz a ginecologista e obstetra Rita Sanchez, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Por outro lado, um estudo feito num hospital britânico com 284 mulheres que passaram pelo procedimento com anestesia local mostrou a diferença de percepção entre elas e os médicos: 42% das pacientes reportaram um leve desconforto e 41% consideraram o processo desconfortável; já entre os profissionais de saúde, esses números foram, respectivamente, de 56% e 33%.

O assunto vem ganhando tanta importância que, em agosto de 2024, o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos atualizou suas diretrizes, enfatizando a recomendação para que médicos conversem com suas pacientes sobre opções para mitigar a dor e o incômodo.

Se você está em busca de mais informações sobre o método, confira as respostas para algumas das principais dúvidas acerca do tema.

  1. Como funciona o DIU?

O DIU é um pequeno objeto de plástico em formato de T, com fios na ponta principal. Ao ser inserido no útero, se acomoda na parede do órgão com suas hastes na entrada das trompas, liberando substâncias que impedem a gravidez.

Há dois tipos: não hormonal e hormonal. O primeiro é feito de cobre, material que torna o ambiente hostil para os espermatozoides, e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Já os hormonais contêm progesterona, que altera as condições do útero, impedindo a fecundação. Além disso, o próprio formato dificulta a fertilização do óvulo. Dependendo do modelo, duram entre cinco e 10 anos.

  1. Como ele é colocado?

O procedimento pode ser feito em consultório. Com ajuda do espéculo (também conhecido como “bico de pato”), o médico afasta as paredes da vagina. Depois, usa uma espécie de pinça para alinhar e segurar o colo do útero, que é ligeiramente curvo. Essa etapa garante que o DIU será instalado corretamente.

Em seguida, com auxílio de uma sonda, ele mede o tamanho do útero, do colo até o topo. Finalmente, o DIU é inserido por meio de um aplicador. Os fios são cortados de forma que fique uma pontinha sobressalente, que será usada na hora da retirada – isso também só pode ser feito por um médico. O procedimento dura cerca de 30 minutos.

  1. Por que dói?

Embora o desconforto seja considerado tolerável, pode causar fortes cólicas e até tontura em alguns casos. Uma pesquisa mostra que mulheres que tiveram parto vaginal sentem menos dor, enquanto as que nunca tiveram filhos sofrem mais.

Mulheres que têm o canal cervical um pouco mais fechado também podem sentir mais incômodo. Nesses casos, é possível internar a paciente e fazer com sedação: demora cerca de uma hora e a mulher recebe alta do hospital no mesmo dia. “Uma avaliação ginecológica prévia pode ajudar na decisão sobre fazer em consultório ou em hospital com anestesia”, diz Rita Sanchez.

  1. Há formas de facilitar a colocação?

Recomenda-se fazer o procedimento durante o ciclo menstrual, no terceiro ou quarto dia, momento em que o canal vaginal e o colo do útero estão mais abertos. Isso também garante que a paciente não está grávida.

É possível tomar um comprimido analgésico no dia ou um anti-inflamatório uma hora antes da colocação, sempre conforme orientação médica. Alguns profissionais utilizam anestésicos em spray ou por infiltração no colo do útero.

  1. Além de contraceptivo, o DIU tem outras indicações?

O DIU hormonal reduz bastante o sangramento e, em algumas mulheres, chega a suspender totalmente a menstruação. “Por isso, pode ser indicado nos casos em que o fluxo é muito intenso, chegando a provocar anemia”, diz Rita Sanchez.

Esse tipo também pode ser ideal para mulheres na menopausa que fazem terapia de reposição hormonal, pois ajuda a proteger o endométrio da ação dos hormônios. Além disso, pode beneficiar quem tem endometriose.

Já o de cobre só tem a função de evitar a gravidez e pode até aumentar um pouco o fluxo menstrual. Vale lembrar que o DIU não protege contra infecções sexualmente transmissíveis, como o HIV. Por isso, o uso do preservativo continua essencial.

  1. Adolescentes podem usar?

Mulheres que nunca engravidaram podem usar o DIU, mas é importante uma avaliação por meio de ultrassom para saber o modelo ideal.

  1. Por que algumas mulheres engravidam com o dispositivo?

O DIU tem eficácia de 99%. “A maioria das falhas ocorre por mal posicionamento, mas visitas periódicas ao ginecologista e avaliação da posição com ultrassom reduzem esse risco”, afirma Sanchez.

  1. Há quem não tolere o dispositivo?

Em alguns casos, o DIU hormonal pode provocar um pouco de inchaço e leve ganho de peso. “Isso varia de cada paciente, dependendo do seu perfil hormonal. Mas isso não costuma ocorrer muito, pois a liberação de progesterona é local”, explica a médica. Há raros casos de expulsão do DIU durante uma menstruação com alto fluxo.

  1. Quais as contraindicações?

Mulheres com quadro de infecção e grávidas não podem colocar o dispositivo. Quem tem histórico de câncer de mama também não deve usar DIU hormonal.

  1. É difícil engravidar depois?

Após a retirada e passado um ciclo menstrual, é possível engravidar normalmente.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Mulheres sofrem mais com problemas do sono, aponta estudo

Médicas explicam que alterações hormonais e questões psicossociais estão por trás do problema; veja como melhorar a qualidade do descanso noturno

 

Por Thais Szegö, da Agência Einstein

A dança dos hormônios que acontece no corpo feminino desde a puberdade traz impactos em todos os aspectos da saúde das mulheres, inclusive em relação à qualidade do sono. Essa foi uma das principais conclusões de uma pesquisa publicada recentemente na revista científica Sleep Medicine Reviews.

Mas qual a relação do sono com essas alterações hormonais? São muitas. Por conta do aumento da progesterona durante a menstruação, por exemplo, tende a aumentar a sonolência diurna. Já as cólicas também influenciam, especialmente quando são mais intensas e podem levar a interrupções do descanso.

“As mulheres passam por diversas fases de características do sono durante a vida em função dos diferentes períodos reprodutivos”, explica a ginecologista Helena Hachul de Campos, professora da disciplina de saúde da mulher da Faculdade de Medicina do Hospital Israelita Albert Einstein. “A regularidade do ciclo também conta, pois dados mostram que as mulheres com ciclo irregular têm duas vezes mais risco de sofrerem com problemas para dormir e de qualidade do sono”, diz Hachul, que é professora livre-docente chefe do setor de Sono da Mulher da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pesquisadora do Instituto do Sono.

Quem convive com a síndrome pré-menstrual, popularmente conhecida como TPM, pode ter a qualidade do descanso ainda mais comprometida, aumentando a insônia e a sonolência durante o dia, especialmente por conta das oscilações de humor, que deixam a mulher mais ansiosa, por exemplo. Mas isso varia de pessoa para pessoa, de ciclo para ciclo e conforme o momento de vida em que ela se encontra — quanto mais estressada, por exemplo, mais dificuldade em relação ao sono.

Há de se considerar ainda os ovários policísticos, síndrome muito prevalente em mulheres do período reprodutivo. A literatura científica mostra que mulheres que sofrem com ela costumam ter mais excesso de peso e síndrome metabólica, fatores que estão associados à apneia obstrutiva do sono, distúrbio que causa interrupções na respiração durante o descanso.

A gestação é outra fase que mexe bastante com o sono. O primeiro trimestre normalmente é bem agitado, já que envolve enjoos e idas frequentes ao banheiro. Com a chegada do segundo trimestre, as coisas tendem a se acalmar. No terceiro, o aumento abdominal provocado pelo crescimento do bebê começa a pressionar a bexiga, obrigando a gestante a sair da cama mais vezes para fazer xixi, além de causar dificuldade respiratória, que deixa o sono fragmentado.

As grávidas com pressão alta ainda têm mais risco de sofrer com apneia. “Cerca de 46% das gestantes têm alguma queixa do sono e quanto mais frequentes elas forem, mais risco de acontecerem piores desfechos neonatais”, alerta Helena Hachul.

Período crítico

Mas é com a chegada da menopausa que o sono das mulheres costuma mudar para valer. “As alterações são mais evidentes e constantes após a grande queda hormonal que acontece nessa fase”, diz a pneumologista e especialista em medicina do sono Luciane Impelliziere Luna de Mello, professora do curso de pós-graduação em medicina do sono do Hospital Israelita Albert Einstein e médica do Instituto do Sono, ligado à Unifesp.

Além dos fogachos (ondas de calor) e do aumento da frequência urinária, que podem deixar o descanso fragmentado, as mulheres têm que lidar com alterações sociais e emocionais, como depressão, ansiedade e síndrome do ninho vazio, provocada pela saída dos filhos de casa, entre outras.

Existem ainda evidências científicas que apontam que os hormônios femininos têm um papel importante no relógio biológico. “Por todas essas razões, a incidência de insônia, que antes da menopausa era de 30%, pula para 60% na pós-menopausa”, relata Hachul.

A apneia também é um problema mais frequente nessa fase da vida. “A mudança na distribuição de gordura corporal característica desse período, que faz com que ela passe a ter um acúmulo maior na região da cintura, é determinante, pois a cada centímetro a mais de circunferência abdominal, o risco de apneia aumenta em 5%.”

Sobrecarga também prejudica o sono

As mulheres também costumam, em diferentes fases da vida adulta, acumular mais tarefas do que os homens. A obrigações e preocupações com o trabalho, a casa e os filhos fazem com que elas, na maioria das vezes, tenham menos tempo para dormir. E, quando chega a hora do descanso, muitas não conseguem relaxar, pois ficam pensando em tudo o que têm que fazer no dia seguinte.

Além das questões práticas, existem as emocionais que também tiram o sono da mulherada. “Elas são mais sensíveis a distúrbios de humor, como depressão e ansiedade, e às questões ligadas ao acúmulo de tarefas, o que faz com que sofram com mais insônia por causa desses fatores”, afirma Mello.

Por todas essas razões, médicos precisam ter um cuidado extra ao analisar e tratar o sono das mulheres. “Temos que avaliá-las como um todo, verificando como estão seus hormônios e seu ciclo menstrual, qual é o seu momento de vida, com quem mora, se divide as tarefas, se toma remédios, se tem outras doenças, entre muitos outros fatores, pois tudo isso influencia”, afirma Hachul.

“Outra questão que temos que levar em conta é que elas, muitas vezes, subestimam as questões respiratórias que desencadeiam a apneia, o que, em muitos casos, só identificamos ao fazer uma polissonografia, exame que analisa o sono”, complementa Mello. Isso é preocupante porque, mesmo com quadros mais leves, as mulheres já apresentam sintomas como ronco e pausas respiratórias, que podem provocar engasgos e breves despertares.

No que diz respeito ao tratamento a distúrbios do sono, além das estratégias medicamentosas, que devem ser avaliadas individualmente, também devem ser considerados os cuidados relacionados à higiene do sono. Entre eles estão: dormir sempre no mesmo horário, fazer refeições leves à noite, tomar café apenas até o horário do almoço, não ficar no celular ou no computador até tarde, evitar exercícios físicos intensos perto da hora do descanso, deixar o quarto escuro e só ir para a cama na hora de deitar. “Também é importante se hidratar bem e ter uma alimentação saudável, já que, para uma boa noite, é essencial termos um bom dia também”, conclui Hachul.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Metais tóxicos em absorventes internos: entenda evidências e recomendações

Estudo da Universidade da Califórnia, nos EUA, identificou 16 tipos de metais, incluindo chumbo e arsênio, nesses produtos; mas especialistas pedem cautela e mais pesquisas

Desde que chegaram ao mercado, na década de 1930, os absorventes internos se tornaram uma escolha comum entre as pessoas que menstruam, ajudando a minimizar alguns desconfortos típicos desse período. Contudo, a ciência tem investigado a segurança desses produtos. Uma pesquisa publicada em agosto no periódico Environment International constatou a presença de metais tóxicos, como chumbo, arsênio, níquel, mercúrio e zinco, em absorventes internos e abriu brecha para a dúvida: eles são seguros para a saúde?

Conduzido por pesquisadores dos Estados Unidos, o estudo avaliou 16 tipos de metais (arsênio, bário, cálcio, cádmio, cobalto, cromo, cobre, ferro, manganês, mercúrio, níquel, chumbo, selênio, estrôncio, vanádio e zinco) em 30 absorventes internos de 14 marcas diferentes não divulgadas, comprados nos EUA, na Grécia e no Reino Unido, entre setembro de 2022 e março de 2023.

Os cientistas focaram em produtos populares, selecionados entre os mais vendidos em um grande varejista online e em lojas físicas. A conclusão foi de que todos os absorventes internos analisados continham metais, com variações nas concentrações dependendo do local de compra, se eram feitos com algodão orgânico (geralmente livres de agrotóxicos e pesticidas) e a marca. Por exemplo: as concentrações de chumbo foram maiores em absorventes internos não orgânicos, ao passo que os orgânicos tiveram maior concentração de arsênio.

“Mesmo a exposição de baixo nível [ao chumbo] pode resultar em impactos neurocomportamentais em adultos e crianças, incluindo diminuição da função cognitiva, como atenção, memória e capacidade de aprendizagem prejudicadas. No caso da exposição ao arsênio, há possíveis impactos nas funções do útero e ovários, bem como risco de doenças cardiovasculares”, escrevem os autores no estudo.

De acordo com a pesquisa, os metais podem chegar aos absorventes internos de várias maneiras: o algodão usado pode ter absorvido os metais da água, do ar, do solo, por meio de um contaminante próximo (por exemplo, se um campo de algodão estivesse perto de uma fundição de chumbo) ou alguns podem ter sido adicionados intencionalmente como parte de um pigmento, branqueador, agente antibacteriano ou algum outro processo relacionado à fabricação.

Alerta e cautela

Segundo a ginecologista Renata Bonaccorso Lamego, do Hospital Israelita Albert Einstein, a presença de metais tóxicos em absorventes internos pode, sim, significar uma preocupação. Isso porque a toxicidade desses metais pode ocasionar, além de impactos neurológicos e cardíacos, um aumento do risco de câncer, doenças renais e infertilidade.

A vagina possui uma vascularização intensa, o que significa que substâncias que entram em contato com o canal vaginal podem ser facilmente absorvidas. “Para se ter ideia, algumas medicações, normalmente administradas por via oral, podem ser prescritas para ser utilizadas pela via vaginal por possuir a mesma eficácia”, destaca a médica.

No entanto, o novo estudo não é suficiente para dizer que os absorventes internos são nocivos à saúde. Isso porque o trabalho identificou apenas a presença dos metais nos absorventes, e não que eles são absorvidos e chegam à corrente sanguínea, por exemplo. “Para confirmar essa hipótese, seriam necessários novos estudos que avaliassem a presença desses metais no sangue de usuárias em comparação com quem não usa os absorventes internos”, observa a ginecologista Adriana Campaner, presidente da Comissão de Trato Genital Interior da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

Outro ponto é que o estudo não foi realizado com produtos brasileiros, o que impede conclusões sobre os absorventes comercializados por aqui. “É possível existir a absorção, mas por enquanto não é algo que podemos afirmar. Outros pontos também devem ser investigados, como se, além dos riscos para o organismo, há também potenciais riscos para a área genital em si. Tudo isso exigiria um estudo a longo prazo”, destaca Campaner.

Os próprios autores do artigo ressaltam que a pesquisa é um ponto de partida e que novas investigações serão necessárias, especialmente para avaliar se os metais podem escapar dos absorventes internos e ser absorvidos pelo corpo. Além disso, o grupo pretende expandir a análise para outros produtos químicos presentes nesses itens.

Quando se trata especificamente do cenário brasileiro, Lamego destaca que um ponto a ser considerado é o cultivo do algodão utilizado na produção desses absorventes. Por ser muito vulnerável a pragas, esse tipo de fibra vegetal acaba sendo suscetível ao uso intensivo de agrotóxicos. Por isso, mesmo não sendo um alimento, sua contaminação por pesticidas pode ter impacto no corpo humano. “Isso reforça a necessidade de uma regulamentação e uma fiscalização mais atenta sobre a cadeia de produção, além de um incentivo ao uso de algodões tratados de maneira mais sustentável”, pontua a ginecologista do Einstein.

Evite o uso prolongado

Renata Lamego também alerta para o uso indevido de absorventes internos, o que pode favorecer a proliferação de bactérias presentes no sangue acumulado, levando a infecções. A recomendação, de acordo com ela, é trocar o absorvente a cada duas a seis horas, dependendo do fluxo.

“Hoje em dia, temos outras opções, como os coletores e discos vaginais. A grande maioria é feita de silicone e as propagandas sempre frisam que são antibacterianos. Mas, assim como os absorventes internos comercializados por aqui, nós também não sabemos o que está presente na composição desse tipo de produto, o que ressalta a necessidade de mais pesquisas relacionadas a esse tópico”, destaca a médica do Einstein.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

9 sinais que você precisa conhecer antes de entrar na menopausa

A chamada perimenopausa causa alterações físicas e emocionais no corpo da mulher; saiba como reconhecer as principais mudanças dessa fase

Por Thais Szegö, da Agência Einstein

A perimenopausa, período que antecede a menopausa, é cercada de mudanças físicas e emocionais na saúde da mulher. As variações hormonais, provocadas pelo declínio do estrogênio, principal hormônio feminino, são sentidas por 70% das mulheres e podem durar anos (em média, são 7,4 anos). Apesar das ondas de calor (os famosos fogachos) serem os sintomas mais conhecidos, há outras alterações que podem ocorrer e são pouco faladas.

De acordo com especialistas ouvidos pela Agência Einstein, essas mudanças começam a ser sentidas entre os 45 e 50 anos, na fase de transição do período reprodutivo para o não reprodutivo. Isso acontece porque, além da oscilação dos níveis de estrogênio, a transição menopáusica também provoca uma taxa elevada do hormônio folículo-estimulante, conhecido como FSH, pois ele precisa de um esforço extra para recrutar os folículos ovarianos remanescentes.

Nem todas as mulheres, no entanto, percebem e associam a saúde reprodutiva a essas mudanças físicas e emocionais — deixando, inclusive, de relatar sobre isso nas consultas médicas. “A pessoa ainda menstrua, mas já começa a ter uma percepção subjetiva das alterações, que envolvem menos disposição, sensação de fadiga mais comum, oscilações de humor e menor capacidade de dar conta dos seus afazeres”, conta o ginecologista Igor Padovesi, associado à Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e membro da International Menopause Society (IMS).

Nesse momento, algumas já sofrem com os sintomas clássicos e conhecidos dessa fase de transição — as ondas de calor, por exemplo —, mas encaram também sinais inespecíficos, como distensão abdominal, dor de cabeça, dificuldade para perder peso e facilidade para engordar. No que diz respeito à menstruação, muitas ainda menstruam regularmente, mas os ciclos podem começar a apresentar variações, como ficar mais curtos e espaçados; o fluxo se torna mais intenso ou mais escasso, entre outras.

Por todas essas razões, muitas ainda não conseguem se dar conta do que está acontecendo e acreditam que estão enfrentando a exacerbação dos sintomas da tensão pré-menstrual, conhecida como TPM. “Esse período é bastante desafiador, pois, como a oscilação dos hormônios é muito significativa, a dosagem hormonal não consegue refletir fielmente como estão as coisas no corpo da paciente”, explica Padovesi. “Os exames podem vir alterados, mesmo não estando, por isso o diagnóstico da perimenopausa é clínico, baseado nos sintomas.”

Após essa fase, a menstruação começa a ficar mais espaçada até cessar totalmente. “Consideramos que uma mulher está na menopausa quando permanece 12 meses consecutivos sem menstruar”, explica a ginecologista Helena Hachul de Campos, professora da disciplina de Saúde da Mulher na Faculdade de Medicina do Hospital Israelita Albert Einstein.

A chegada da menopausa varia bastante de pessoa para pessoa, mas costuma ser entre os 45 e 55 anos — e intensifica os sintomas que já estavam dando as caras. Confira a seguir as manifestações mais comuns provocadas pelas variações hormonais:

  1. Maior risco de depressão

Um estudo publicado em julho no periódico científico Journal of Affective Disorders revela que o risco de depressão na perimenopausa é considerável, apesar de a variação hormonal ainda estar no início. Pesquisadores da Universidade College London, na Inglaterra, analisaram sete estudos, que envolveram 9.141 mulheres de diferentes países, e concluíram que nesse período há um risco 40% maior de depressão em comparação à pré-menopausa.

Os autores ressaltam a necessidade de atenção à saúde mental das mulheres na perimenopausa, especialmente porque nem sempre os sintomas ligados às questões hormonais ficam tão evidentes, e que elas podem precisar de suporte médico e psicológico.

A ginecologista do Einstein concorda. “Não é fácil lidar com todas as alterações físicas e emocionais que surgem nesse período e que impactam muito na sua autoestima e qualidade de vida”, afirma Helena Hachul, que também é livre-docente e chefe do Setor de Sono da Mulher da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Além das transformações do corpo, muitas ainda estão passando por situações como a saída dos filhos de casa, gerando a síndrome do ninho vazio.

  1. Alerta para doenças cardiovasculares

A diminuição do estrogênio leva ao aumento do LDL, o mau colesterol, e à redução do HDL, o bom colesterol, que oferece ação protetora ao coração. Além disso, os hormônios femininos estimulam a dilatação dos vasos e facilitam o fluxo sanguíneo. Daí porque, nessa fase em que eles estão diminuindo, problemas como infarto e acidente vascular cerebral (AVC) podem dar as caras.

  1. Mudança na distribuição de gordura corporal

Menos estrogênio faz com que as mulheres passem do biótipo ginecoide, no qual a gordura costuma se acumular ao redor do quadril e das nádegas, para o androide, quando há tendência de ganho de peso na região abdominal. “Isso também aumenta o risco cardiovascular, pois a gordura abdominal favorece a produção de substâncias inflamatórias que podem desencadear infartos e derrames”, alerta Hachul.

  1. Síndrome geniturinária da menopausa

Esse é o nome usado para se referir ao conjunto de sinais provocados pelas alterações no sistema urogenital em resposta à diminuição dos hormônios femininos. “Elas envolvem ardência, coceira, atrofia e secura vaginal, o que provoca desconforto durante as relações sexuais, e sintomas urinários, como bexiga hiperativa e incontinência urinária”, cita Padovesi.

  1. Alterações no sono

A ciência ainda não decifrou exatamente o que leva a distúrbios como insônia ou sono excessivo nessa fase, mas as principais teorias sugerem que os hormônios femininos têm um papel importante sobre o relógio biológico. Questões psicológicas típicas da aproximação da menopausa e da sua chegada também estariam ligadas ao problema, pois podem elevar o estresse e, consequentemente, atrapalhar o sono. O aumento da frequência urinária também pode comprometer o descanso, já que a mulher precisa sair da cama para fazer xixi.

  1. Problemas ósseos

A diminuição do estrogênio pode predispor a condições como osteopenia (perda de densidade mineral óssea) e osteoporose (condição em que os ossos se tornam frágeis e quebradiços). É que esse hormônio estimula os osteoblastos, células responsáveis pela formação óssea.

Nessa fase, também há um aumento dos osteoclastos, células que agem degradando componentes da matriz óssea.

  1. Alterações emocionais

Irritabilidade, déficit de atenção e de memória, ansiedade, queda da libido e flutuações de humor, entre outros, também são características desse processo. “Os sintomas psíquicos são os mais comuns e acontecem em curto prazo por causa da diminuição do estrogênio”, explica Hachul.

  1. Envelhecimento da pele

Na menopausa, o tecido cutâneo passa por uma queda intensa na síntese das fibras de sustentação: o colágeno e a elastina, que são responsáveis pela firmeza e elasticidade, respectivamente. O resultado é uma pele mais fina, frágil, ressecada, com mais rugas e flacidez.

  1. Ondas de calor

Esse é o sintoma mais famoso dessa fase da vida. Os chamados fogachos não acontecem apenas na menopausa, como muitos pensam, mas durante todo o climatério, que engloba as diferentes fases dessa transição.

Eles surgem porque todas essas mudanças afetam o centro de regulação da temperatura do corpo. De acordo com estudos, podem aumentar o risco de problemas cardiovasculares. Isso sem falar que são muito desconfortáveis e podem atrapalhar bastante algumas atividades do cotidiano e o sono.

Pós-menopausa

Após um ano sem menstruar, a mulher entra na chamada pós-menopausa. Essa fase é dividida em “recente”, que são os primeiros oito anos, e “tardia”, após esse período. Em muitos casos, os sinais clássicos da menopausa diminuem consideravelmente, mas existem pessoas que sentem os sintomas durante décadas depois da transição.

Na pós-menopausa, o risco de problemas de saúde decorrentes da baixa hormonal aumenta bastante, por isso o acompanhamento médico é especialmente importante para avaliar a necessidade de mudanças no estilo de vida e a possibilidade de uma terapia de reposição hormonal.

“É importante que fique claro que esse processo de transição acontece com todas, invariavelmente. Para algumas chega um pouco antes, para outras um pouco depois e a duração pode ser variável, assim como sintomas, mas em todas é um processo que leva vários anos e que não é linear”, explica Padovesi.

Contudo, apesar dos diversos sintomas do climatério, é possível viver bem e com qualidade de vida nessa fase, cuidando da saúde e da alimentação e praticando atividade física. “Importante reconhecermos que é um momento positivo, no qual temos maturidade e já construímos muitas coisas na vida. É preciso um olhar sereno por ser uma fase de mudanças, que não tem apenas coisas ruins”, destaca a ginecologista do Einstein.

Fonte: Agência Einstein

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Saúde

Terapia de reposição hormonal: 20 respostas sobre o tratamento na menopausa 

Apesar dos efeitos indesejados dessa fase afetarem a maioria das mulheres, somente 52% delas aderem a algum método terapêutico para minimizar os desconfortos

Por Fernanda Bassette, da Agência Einstein

Não tem para onde fugir. Toda mulher enfrentará o climatério e, logo depois, a menopausa. O processo faz parte do relógio biológico feminino, e a transição da fase reprodutiva para a não reprodutiva costuma acontecer a partir dos 45 anos. No caso das brasileiras, isso acontece por volta dos 48 anos, em média, segundo um estudo publicado em 2022 no periódico Climacteric.

Os desconfortos são bem conhecidos: ondas de calor (os famosos fogachos), alterações de humor, diminuição da libido, aumento de peso, ansiedade e até depressão. A intensidade dos sintomas varia, mas eles atingem cerca de 70% das mulheres e costumam durar alguns anos.

Mas nem por isso é preciso sofrer. Essas manifestações podem ser amenizadas com acompanhamento médico e tratamento adequado: a terapia de reposição hormonal (TH). Segundo o estudo brasileiro, apesar dos efeitos indesejados da menopausa afetarem a maioria das mulheres por aqui, somente 52% delas fazem algum tratamento; entre as que tratam, apenas 22% recorreram à TH.

Dentre os motivos para não se tratarem estão a falta de informação e receios sobre os impactos da reposição hormonal na saúde. “A terapia hormonal melhora muito a qualidade de vida das mulheres no climatério, mas o acompanhamento deve ser feito de forma individualizada por um ginecologista. É esse médico que vai avaliar a saúde da mulher como um todo e fazer a prescrição da via e da dose hormonal mais segura para cada paciente, de acordo com suas individualidades”, explica a ginecologista e obstetra Vanessa Parejo Clara, do Setor Materno Infantil do Hospital Israelita Albert Einstein.

A seguir, confira as respostas da médica para 20 perguntas sobre a terapia de reposição hormonal na menopausa:

  1. O que é a terapia de reposição hormonal feminina?

É o tratamento mais efetivo para alívio dos sintomas da peri e da pós-menopausa, período em que há uma queda considerável dos níveis hormonais femininos, levando a uma série de sintomas que podem prejudicar a qualidade de vida da mulher e sua saúde.

A queda do estrogênio (ou hipoestrogenismo) é a principal causa desses sintomas, por isso sua reposição é indispensável para a melhora dos incômodos e da qualidade de vida nessa fase.

Essa terapia envolve a administração de estrogênio isolado ou associado a um progestagênio em diferentes doses e regimes terapêuticos, que devem ser individualizados de acordo com o histórico e os riscos individuais de cada mulher.

  1. Para que é indicada?

A terapia de reposição hormonal (TH) é indicada para alívio dos sintomas causados pelo hipoestrogenismo, entre eles os vasomotores (fogachos ou “ondas de calor”); genito-urinários (atrofia ou ressecamento vaginal, ardência, incontinência urinária, infecção urinária de repetição na menopausa); diminuição de libido; indisposição; oscilação do humor e da qualidade do sono e na prevenção de osteoporose.

  1. Todas as mulheres precisam fazer a reposição hormonal quando entrarem na menopausa?

Não. Em geral, não havendo contraindicação, o que vai determinar a indicação da reposição hormonal, bem como qual a melhor via de uso dela, serão o conjunto de sintomas e a intensidade deles.

  1. Qual médico é indicado para avaliar a necessidade de reposição?

Ginecologistas. São esses especialistas que acompanham a saúde da mulher de forma geral e lidam com questões hormonais femininas ao longo de todas as fases da vida.

  1. Quais os tipos de reposição hormonal?

O estrogênio pode ser administrado por via oral ou transdérmica sob a forma de gel ou adesivo cutâneo. A escolha da via é baseada na preferência e nos riscos individuais de cada mulher.

  1. Doenças preexistentes, como câncer ou diabetes, impedem a reposição hormonal?

Depende do caso. Cânceres que são hormônio dependentes (como o de mama e o de endométrio) contraindicam o uso de hormônio caso a mulher tenha tido a doença. Já para mulheres que apresentam patologias como hipertensão arterial, obesidade, hipertrigliceridemia, riscos tromboembólicos, metabólicos ou cardiovasculares, não existe contraindicação no uso, mas há interferência na via de escolha. Nesses casos, a transdérmica (aplicada na pele, em forma de gel) é a escolhida por apresentar menor interferência no metabolismo.

  1. É verdade que a reposição hormonal aumenta o risco de câncer de mama?

O risco de câncer de mama associado ao uso da TH existe, mas é pequeno — a incidência anual é de menos de 1 caso por 1.000 mulheres. Mas alguns fatores podem aumentar esse risco, como mutações genéticas, antecedentes familiares, estilo de vida, tipo de terapia hormonal e tempo de uso. Daí a importância de cada caso ser analisado junto a um ginecologista.

  1. O tratamento hormonal ajuda a aumentar a libido?

A libido depende de vários fatores e a variação hormonal é um deles. Nesse caso, a testosterona transdérmica em doses baixas pode ser adicionada à TH, trazendo considerável melhora na resposta sexual.

  1. É verdade que podem ocorrer sangramentos durante o tratamento?

Sim. O endométrio (camada interna do útero) responde à ação hormonal, podendo levar a sangramentos, que sempre devem ser avaliados e acompanhados pelo médico. Existem também esquemas de reposição hormonal em que os hormônios (estrogênio e progesterona) são usados de forma cíclica para melhor previsibilidade desse sangramento.

  1. Existe algum risco ou contraindicação?

Sim, por isso cada caso deve ser discutido individualmente Entre as contraindicações estão: sangramento vaginal inexplicável, doença hepática, histórico de câncer sensível ao estrogênio (incluindo cânceres de mama e de endométrio), cardiopatias (como doença coronariana e infarto do miocárdio), acidente vascular cerebral (AVC), tromboembolismo venoso (TEV) prévio; história pessoal ou alto risco de doença tromboembólica hereditária.

  1. É verdade que a reposição hormonal causa dor nas mamas?

A depender da dose e da terapia utilizada, a dor na mama pode ser um efeito comum devido a uma possível retenção de líquido e ao aumento de densidade mamária. Existem várias formas de aliviar esse sintoma, entre eles ajuste de dose, uso de sutiãs de suporte, melhora de hábitos e analgésicos.

  1. Quais os principais efeitos colaterais?

Os efeitos colaterais podem ser ausentes ou variar de intensidade a depender da dose e da via de administração, sendo os mais comuns: dor nas mamas, dor de cabeça, inchaço e retenção de líquido, náusea e sangramento vaginal irregular.

O tratamento desses desconfortos depende de qual efeito colateral a mulher teve. Na maioria das vezes, porém, o problema é resolvido fazendo o ajuste da dose ou da via de uso da reposição hormonal.

 

  1. O tratamento via oral tem o mesmo efeito e eficácia que as injeções ou adesivos?

Cada via de administração tem suas vantagens e desvantagens. De forma geral, a via oral tem maior facilidade de uso, menor custo e mais estudos. Porém, por ter sua absorção no intestino e metabolização no fígado, pode causar mais efeitos colaterais.

Mas em relação ao controle de sintomas sistêmicos da menopausa, as outras vias também têm sucesso semelhante, com exceção da via vaginal, que atua apenas nos sintomas genito-urinários, sem efeito sistêmico.

  1. A partir de que idade a mulher pode fazer a reposição?

A reposição está indicada quando iniciarem os sintomas do climatério, que podem acontecer anos antes da chegada da menopausa, de fato. Ou então, em outras condições que levem à queda antecipada dos níveis fisiológicos hormonais, como a falência ovariana precoce (quando a menopausa ocorre antes dos 40 anos) ou ainda em casos em que há a necessidade da realização de ooforectomia bilateral, cirurgia para retirada dos ovários.

  1. Existe algum momento ideal para começar a reposição ou ela pode ser feita a qualquer momento pós-menopausa?

Em mulheres saudáveis, sem contraindicação, o ideal seria iniciar a TH na transição menopáusica ou nos primeiros anos de pós-menopausa, no período denominado “janela de oportunidade”. Esse intervalo de tempo começa quando se iniciam os sintomas e eles são mais intensos, mas pode se estender até 10 anos após a menopausa (que é o limite para o início do tratamento). Quanto antes começar a terapia, maiores os benefícios e menores os riscos.

  1. Por quanto tempo a reposição hormonal deve ser feita?

Depende de cada pessoa. A dose, a via, a duração e o regime de administração da TH para o tratamento dos sintomas devem ser individualizados, e as decisões terapêuticas devem ser compartilhadas com a paciente.

Vale pontuar que o risco cardiovascular pode aumentar se a reposição for iniciada em mulheres com mais de 60 anos, com mais de dez anos da menopausa ou que apresentem elevado risco cardiovascular prévio.

  1. Reposição hormonal melhora ou rejuvenesce a pele?

A reposição hormonal pode atenuar o envelhecimento e as alterações cutâneas da pós-menopausa. Estudos mostram que a reposição estrogênica estimula a renovação das células da pele e leva ao aumento do colágeno dérmico e da espessura cutânea.

  1. Essa terapia emagrece ou engorda?

Com o passar dos anos, é esperado que haja um aumento de peso e de deposição de gordura abdominal, independentemente da fase hormonal da mulher. A reposição hormonal não contribui para o ganho de peso, inclusive pode atenuá-lo, especialmente se acompanhada por um estilo de vida saudável.

  1. A reposição hormonal ajuda a ganhar massa muscular?

A TH exerce efeitos benéficos tanto no tecido muscular quanto no tecido ósseo e cartilagens, além de melhorar a disposição para prática de atividade física. Associada aos exercícios musculares, ela pode diminuir a perda de massa e força muscular, além de melhorar o desempenho físico.

  1. Existe algum tipo de reposição hormonal que seja “natural”, sem uso de hormônios?

Uma forma de alívio dos sintomas do climatério sem a utilização de hormônios é com uso de fitoterápicos (composições naturais a partir de plantas e ervas), entre eles óleo de prímula, isoflavonas de soja, cimifuga racemosa, entre outros.

Entretanto, apesar de auxiliar no alívio de alguns sintomas, a evidência científica e a segurança desses métodos são menores do que a reposição hormonal convencional.

Fonte: Agência Einstein

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Terceiro Setor

Presidente do Grupo Rosa e Amor profere palestra no SENAI sobre saúde da mulher e prevenção

A presidente do Grupo Rosa e Amor, Dra. Márcia Camargo Franzese, esteve nesta terça-feira, dia 14, no SENAI-Valinhos, proferindo uma palestra sobre saúde da mulher com foco na prevenção e diagnóstico precoce do câncer. Dra. Márcia destacou a importância dos exames regulares na prevenção ao câncer, uma vez que as expectativas apontam que tem aumentado o número de casos de mulheres com a doença.

Comentou também sobre a necessidade de fazer exercícios físicos regulares, manter uma alimentação saudável, não fumar, além da importância de procurar o médico regularmente.

Um dos exames importantes é a mamografia e o exame preventivo do câncer do colo do útero.  Destacou também sobre a vacinação contra o HPV.

Buscamos um controle sobre o câncer, mas precisamos que todos tenham ciência sobre como prevenir e buscar ajuda precocemente, elevando assim para 95% as chances da cura.

 

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Saúde

CFM proíbe procedimento pré-aborto; entidades criticam

© Divulgação/Fiocruz

Texto se aplica a gestações acima de 22 semanas decorrentes de estupro

 

Por Paula Laboissière – Repórter da Agência Brasil* – Brasília

O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou esta semana uma resolução que veda ao médico a realização da chamada assistolia fetal para interrupção de gravidez – no caso de aborto previsto em lei e oriundo de estupro – quando houver possibilidade de sobrevida do feto. A decisão foi tomada em sessão plenária no fim de março.

Conforme definição do CFM, o ato médico da assistolia provoca a morte do feto, antes do procedimento de interrupção da gravidez, por meio da administração de drogas – geralmente cloreto de potássio e lidocaína, injetados no coração do feto. Já morto, ele é retirado do corpo da mulher.

“É vedada ao médico a realização do procedimento de assistolia fetal, ato médico que ocasiona o feticídio, previamente aos procedimentos de interrupção da gravidez nos casos de aborto previsto em lei, ou seja, feto oriundo de estupro, quando houver probabilidade de sobrevida do feto em idade gestacional acima de 22 semanas”, destaca a publicação.

Viabilidade

Atualmente, pela literatura médica, um feto com 25 semanas de gestação e peso de 500 gramas é considerado viável para sobreviver a uma vida extrauterina. No período de 23 a 24 semanas, pode haver sobrevivência, mas a probabilidade de qualidade de vida é discutida. Considera-se o feto não viável até a 22ª semana de gestação.

Ética médica

O conselheiro do CFM e relator da resolução, Raphael Câmara, ressaltou que, a partir da 22ª semana de gestação, há possibilidade de vida extrauterina, e a realização da assistolia fetal pelo profissional nesses casos, portanto, não teria previsão legal.

Ele lembrou ainda que o Código de Ética Médica estabelece que é vedado ao profissional praticar ou indicar atos médicos desnecessários ou proibidos pela legislação vigente no país. “Estamos falando de fetos viáveis. Fetos de sete, oito, nove meses.”

Direitos

De acordo com o conselheiro, o CFM não se opõe a casos de aborto previstos em lei, uma vez que a resolução trata apenas da proibição da assistolia fetal a partir da 22ª semana de gestação. Ele defende que o texto não tira o direito de mulheres vítimas de estupro de se submeterem ao aborto garantido por lei nesse tipo de circunstância.

“Não estamos tirando o direito da mulher de se livrar daquela gravidez indesejada”, disse. “A mulher não é obrigada a ficar com aquele fruto indesejável do estupro”, completou. Segundo ele, após 22 semanas, os casos não configurariam mais aborto, mas antecipação de parto.

“A mulher [vítima de estupro] vai poder fazer isso a qualquer momento”, destacou em entrevista coletiva nesta quinta-feira (4), referindo-se à antecipação do parto e citando como procedimentos possíveis a indução do parto vaginal ou a cesárea.

Para o CFM, ultrapassado o marco temporal das 22 semanas de gestação, deve-se preservar o direito da gestante vítima de estupro à interrupção da gravidez e o direito do nascituro à vida por meio do parto prematuro, “devendo ser assegurada toda tecnologia médica disponível para sua sobrevivência após o nascimento”.

Câmara avalia que cabe ao Estado brasileiro a aplicação de opções estabelecidas em lei de tutela e acolhimento para garantir que não haja contato indesejado, evitando, assim, o agravamento do sofrimento materno e preservando a vida extrauterina do recém-nascido.

Outros casos

Questionado se a resolução abarca os demais casos de aborto legal previstos no Brasil, como quando há risco de vida para a gestante e fetos com anencefalia, o conselheiro explica que o texto se aplica apenas a casos de gravidez oriunda de estupro.

“Quando há indício de morte materna, não há qualquer vedação [da assistolia fetal], a qualquer momento”, disse, ao citar, como exemplo, casos de gravidez ectópica (quando o feto se forma fora do útero) e de perfusão arterial reversa, condição rara que afeta fetos gêmeos.

Constitucionalidade

Para a coordenadora da organização não governamental (ONG) feminista Grupo Curumim, Paula Viana, a resolução “mais desprotege do que atende aos direitos das mulheres”. “É uma resolução muito ambígua”, avaliou.

“Não existe, na Constituição brasileira, esse conceito de vida desde a concepção. Portanto, é uma resolução também inconstitucional, que desprotege, principalmente meninas e mulheres. A criminalização fica visível, pois considera valores, coloca a vida de meninas e mulheres com baixo valor, expõe mais a riscos.”

Enfermeira de formação, Paula destaca que o conceito de saúde precisa ser muito mais amplo do que o proposto pela resolução. “A gente tem que pensar saúde de forma integral, de forma mais abrangente, em todas as dimensões da vida de uma pessoa e, nesse caso, explicitamente, estão envolvidas a saúde mental, a saúde emocional e, consequentemente, a saúde física.”

“A gente tem um estatuto legal que permite essa proteção, não importa a idade gestacional. Isso não é discutível na pauta da preservação e da promoção da saúde. É uma resolução com forte caráter moralista e, infelizmente, violadora de tantos direitos.”

“Casos de violação e violência sexual são muito complexos, envolvem a família, a comunidade”, disse. “O que o CFM está fazendo é colocar, além da barreira no acesso a esse direito, também colocar barreiras na qualidade da atenção. O que está sendo negado é o acesso à melhor tecnologia que existe, segundo a Organização Mundial da Saúde, a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia.”

Limbo e riscos

A coordenadora de Defesa dos Direitos da Mulher da Defensoria Pública do Rio de Janeiro, Flávia Nascimento, avalia que, com a resolução, vítimas de estupro que estejam com mais de 22 semanas de gestação passam a ocupar uma espécie de limbo ao tentar acessar o aborto legal em serviços de saúde.

“A gente tem uma legislação, desde 1940, que não impõe nenhuma limitação ao direito ao aborto legal. Não se discute, isso é um direito”, disse. “Os serviços de saúde devem se organizar para atender, de forma ilimitada, na forma que está na legislação, as três hipóteses [vítimas de estupro, quando há risco de vida para a gestante e fetos com anencefalia].”

Para Flávia, o CFM, “exorbitando seu poder regulamentador”, cria, com a resolução, uma limitação aos profissionais de saúde e que se aplica única e exclusivamente a casos de aborto legal decorrentes de crimes de estupro.

“Veja que não limitou a realização desse procedimento em casos de risco de vida, que é o que a gente chama de aborto terapêutico necessário. Mas limitou nos casos de aborto humanitário. Aqui a gente já percebe que não há nenhum fundamento científico para impor essa limitação. Não há qualquer justificativa.”

“É uma norma que é expressamente contrária à lei. Pode fazer com que os profissionais de saúde deixem de cumprir com seu dever legal, podendo incidir, inclusive, em ato criminoso, como omissão de socorro.”

Revitimização

Flávia lembra que, na maioria das vezes, a busca por serviços de saúde para aborto legal acima de 22 semanas acontece em casos de gestação infantil ou de jovens meninas. “Muitas vezes, meninas que ainda não tiveram a primeira menstruação, que são vítimas de violência sexual e descobrem a gravidez por alterações no corpo. E já descobrem no estágio mais avançado.”

“A gente sabe que essas meninas que sofrem violência têm dificuldade pra falar da violência sofrida, muitas vezes, porque têm medo ou porque até desconhecem que estão vivenciando uma situação de violência. Falar sobre violência sexual, sobre direitos sexuais e reprodutivos, durante muito tempo, foi um debate interditado. Vem sendo um debate interditado”, criticou a coordenadora.

“O que essa resolução faz é promover mais violência contra meninas e jovens mulheres, adolescentes principalmente, perpetuando essa situação de violência que elas sofreram, obrigando a levar uma gestação a termo que, além de revitimizá-las, por conta da situação de violência, ainda reforça o risco de vida.”

Judicialização

Dentre as possíveis consequências citadas pela coordenadora está o aumento da judicialização de casos de aborto após a 22ª semana de gestação. “Isso gera uma insegurança no profissional de saúde que tem o dever legal de agir, que deve trabalhar nessa perspectiva do cuidado em saúde, que deve proteger essa mulher e essa menina que buscam um serviço de saúde.”

“Esse profissional de saúde vai buscar respaldo jurídico para legitimar aquele ato que já é legal, mas que, diante dessa normativa ilegal, inconstitucional e inconvencional do CFM, vai fazer com que essas pessoas busquem um atendimento jurídico e judicializem esses casos. Isso vai promover um aumento de demandas no Poder Judiciário, demandas totalmente desnecessárias”, acrescentou.

“Piora tudo, não resolve nada. É regulamentar um procedimento que, na verdade, vai prejudicar a saúde de meninas e mulheres. E ainda de forma seletiva porque o procedimento vai poder ser realizado em algumas hipóteses de aborto legal, mas, exclusivamente, em casos de gestação decorrente de estupro, não vai poder ser realizado.”

*Colaborou Tâmara Freire, da Rádio Nacional

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Saúde

Câncer do colo do útero: exames periódicos e vacinação são a melhor prevenção

Na esteira da campanha Março Lilás, médico ginecologista explica que a doença pode ser erradicada ainda neste século com a vacinação

Fonte: Portal do Governo de SP
A cor da vez é o lilás! A campanha Março Lilás tem como objetivo informar a população sobre os perigos do câncer do colo do útero, terceiro câncer que mais acomete mulheres no Brasil. Jesus Paula Carvalho, professor da Faculdade de Medicina da USP e chefe da equipe de Ginecologia Oncológica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, explica melhor sobre a prevenção e a vacina contra a doença.O que causa

Conforme conta o professor, o câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, acomete mais de 17 mil mulheres e pessoas com vulva por ano no Brasil. Dessas, 7 mil morrem em decorrência do câncer. O professor explica a principal causa.

“A doença, que se localiza no colo do útero, que é a parte do útero que fica exposta na vagina, é decorrente da infecção por um vírus ou por uma família de vírus chamado papilomavírus humano ou HPV. Principalmente o HPV número 16 e o 18, mas tem vários outros que também causam câncer”.

Importância da detecção precoce

Jesus Paula Carvalho conta que um dos grandes perigos do câncer do colo do útero é que ele se desenvolve de maneira assintomática, até os estágios finais: “É uma doença traiçoeira, porque ela transcorre de forma silenciosa até os estágios avançados, quando só então dá sintomas. Até esse período se desenvolve de forma silenciosa, mas ela pode ser evitada através de vacinas e de exames de prevenção”.

A infecção pode ser detectada por meio de testes de HPV ou por exames ginecológicos, o papanicolau. Se detectado precocemente, o câncer possui 100% de sucesso de cura. Contudo, nos estágios avançados, o tratamento se torna bem mais complexo, exigindo radioterapia, e a chance de sucesso decai bastante.

Portanto, é importante realizar exames de detecção com frequência. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estipula que devem ser feitos duas vezes por ano.

Vacina e erradicação

O especialista explica que o vírus HPV é um patógeno bastante conhecido pela literatura médica e que já existe uma vacina eficaz contra ele. Tanto que o câncer do colo do útero pode ser erradicado ainda neste século.

“É possível eliminar essa doença do planeta, basta a gente tomar algumas medidas. A OMS definiu três pilares: o primeiro e mais importante de todos é garantir que pelo menos 90% das meninas recebam a vacinação contra HPV. Essa vacina deve ser feita entre 9 e 14 anos, antes delas terem qualquer atividade sexual. O segundo pilar é garantir que pelo menos 70% das mulheres façam pelo menos dois testes de rastreamento. O terceiro pilar seria garantir que essas lesões que são detectadas recebam esse tratamento adequado”, conclui o ginecologista Jesus Paula Carvalho.

Vale lembrar que, embora o câncer cervical obviamente não acometa pessoas sem útero, é importante que os meninos também se vacinem. Além de poderem ser vetores de transmissão para as mulheres, o HPV pode levar a outras complicações, entre elas o câncer de pênis. Vacinas salvam vidas.

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Saúde

HSPE: estilo de vida moderno aumenta casos de incontinência urinária em mulheres

Atualmente uma em cada quatro mulheres acima de 40 anos manifesta a doença

Fonte: Portal do Governo de SP
Especialistas do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE) alertam para a prevalência de incontinência urinária em mulheres jovens. A urologista do HSPE Lorella Auricchio chama a atenção para os riscos, pois atualmente uma em cada quatro mulheres acima de 40 anos manifesta a doença. Isso porque, uma parcela significativa das mulheres trabalha muito tempo sentada e não faz pausa para ir ao banheiro corretamente, segurando a urina. O ideal é que a cada 3 ou 4 horas, homens e mulheres esvaziem a bexiga para evitar incontinência ou infecção urinária.A incontinência urinária é conhecida como perda involuntária da urina e é comum, especialmente em mulheres. A possibilidade do escape aumenta durante a gestação, uma vez que a barriga cresce e faz maior pressão abdominal no período. No entanto, mulheres jovens têm relatado uma dificuldade de controlar o xixi e isso deve-se ao estilo de vida.Há dois tipos de incontinência urinária: a de urgência, quando não é possível chegar no banheiro a tempo, ou a de esforço. Em mulheres jovens, normalmente, é possível ver o escape da urina em atividades físicas intensas, de alto impacto, como é o caso de levantamento de peso, corrida e salto.

Somado ao tempo sentado, o tabagismo, a ingestão de bebida alcoólica, a obesidade, a má alimentação e a falta de exercício físico também contribuem para o escape da urina. A médica urologista Lorella Auricchio reforça os cuidados para evitar a incontinência.

“Se a pessoa, uma vez na vida, teve perda de xixi, por estar muito apertado, não há problema. Mas é preciso ter atenção se a situação é recorrente, mesmo que pouco. É muito comum ver que as pessoas normalizaram o escape de urina, mas é preciso investigar o problema, que pode estar associado a outras doenças. Às vezes, mudança nos hábitos já ajuda, mas há casos que necessitam de cirurgia (sling) para tratamento definitivo, visando melhorar a qualidade de vida do paciente”, explica.

Além de medidas comportamentais e alteração no estilo de vida, há ainda outro método para prevenir os casos – a fisioterapia específica para o fortalecimento do assoalho pélvico. Em caso de recorrência de perda de urina, é necessário procurar um médico urologista para diagnóstico correto e o melhor tratamento.

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