Saúde

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Dengue, coronavírus, influenza, chikungunya: de onde vêm os nomes dos vírus e doenças

Com diversas origens, palavras podem remeter a características específicas da doença; referências a locais ou povos não são recomendadas pela OMS

Você já parou para pensar como são escolhidos os nomes dos vírus? Para além de características como sintomas, causas e formas de prevenção, a própria palavra que utilizamos para nos referir a um vírus ou a uma doença infecciosa pode gerar grandes impactos sociais e econômicos. É o que foi visto recentemente no caso da Mpox, antes chamada de Monkeypox ou varíola dos macacos, que influenciou discursos racistas na internet e levou pessoas a matarem os animais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou a troca do nome da doença em novembro de 2022, alguns meses após o surto.

Um recurso muito comum no passado era referenciar o local onde o vírus havia sido identificado pela primeira vez ou os primeiros povos a serem acometidos pela enfermidade. Outra motivação era o uso de palavras e expressões de origens diversas, como latim, grego e italiano, para descrever o patógeno de acordo com os sintomas que ele causava.

Em nota publicada em 2015 sobre as melhores práticas na nomenclatura de novas doenças infecciosas humanas, a OMS ressaltou a necessidade de se adotar nomes “cientificamente sólidos e socialmente aceitáveis” para futuras doenças a serem descobertas. É recomendado, principalmente, não associar o nome a um local ou a um povo específico para evitar estigmatizações.

No caso das zoonoses (doenças que migram dos animais para humanos), fazer referência aos próprios animais também é prejudicial. A gripe suína, por exemplo, resultou em abates de porcos e proibição da importação de carne de porco em diversos países, embora o problema estivesse na transmissão entre humanos.

Conheça a origem dos nomes de alguns vírus que circulam no Brasil:

Influenza

Em italiano, “influenza” significa “influência”. O Dizionario etimologico storico dei termini médici, de Enrico Marcovecchio, afirma que a palavra foi empregada pela primeira vez como termo médico pelo historiador italiano Matteo Villani, em 1358, com base na crença popular de que se tratava de uma enfermidade causada por uma “influência oculta dos céus”. Na Itália, até o século XV, a palavra era usada para definir a transmissão de qualquer doença, ou seja, a influência que uma pessoa doente exercia sobre outra. Depois, o termo passou a se referir somente à gripe.

A palavra “influenza” foi internacionalizada em 1743, a partir de uma epidemia iniciada na Itália. Em inglês, o nome foi empregado pela primeira vez em 1750 e, mais tarde, foi abreviado para “flu”. Em 1782, o termo passou para o francês e, em 1890, para o português.

Já o termo “gripe” vem do francês “grippe”, usado desde o século XVII. Segundo o Breve diccionario etimológico de la lengua castellana, “grippe” relaciona-se ao termo alemão “grüpi”, que significa “tremer de frio”, “sentir-se mal”.

Chikungunya

De acordo com a OMS, chikungunya significa “aqueles que se contorcem” ou “aqueles que se dobram” na língua Makonde, do sudeste da Tanzânia. O vírus foi descrito pela primeira vez em 1950 após um surto naquela região, inicialmente confundido com dengue. A justificativa do nome é a dor intensa nas articulações causadas pela infecção, que acomete principalmente punhos, tornozelos e cotovelos, e chega a debilitar o paciente.

Dengue

São Paulo já investiu mais de R$ 20 milhões em medidas de enfrentamento à doença. Foto: Divulgação/Governo de SP

O uso da palavra para se referir à doença surgiu no século XVIII na Espanha. A palavra “dengue”, de origem espanhola, remete a “delicado”, “frágil” ou “meticuloso”, “cuidadoso”, o que pode estar relacionado ao estado das pessoas infectadas, que sofrem de dores no corpo e ficam muito debilitadas, movimentando-se com cautela. Outra origem descrita é “ndenge”, da língua africana quimbundo, no sentido de “recém-nascido, choradeira, manha”. Existe, ainda, a teoria de que a palavra seja derivada da frase em suaíli “Ka-dinga pepo”, que significa “cãibra de início súbito”.

Zika

O vírus Zika recebe o nome da floresta onde foi encontrado, em Uganda, na África. Ele foi isolado pela primeira vez em 1947 a partir de amostras de um macaco Rhesus (Macaca mulata), mesma espécie afetada pelo vírus da febre amarela. No Brasil, o vírus é transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti, mesmo vetor da dengue e da chikungunya. Detectado em humanos pela primeira vez em 1952, o Zika é conhecido por causar microcefalia em recém-nascidos infectados durante a gestação.

A palavra “influenza” foi internacionalizada em 1743, a partir de uma epidemia iniciada na Itália. Foto: Instituto Butantan

Febre amarela

A doença caracterizada por uma febre de início súbito, assim como a dengue, ganhou esse nome devido à icterícia que se manifesta em alguns pacientes – coloração amarelada da pele, olhos e mucosa. Essa alteração é causada por níveis elevados de bilirrubina no sangue, pigmento amarelado liberado quando os glóbulos vermelhos se desmancham, em um processo natural do organismo, e que é metabolizado no fígado. Geralmente, níveis elevados de bilirrubina indicam problemas nesse órgão.

Coronavírus

O nome dessa família de vírus tem relação com a sua aparência: corona vem do latim “coroa”, e os coronavírus são caracterizados por uma estrutura de “pontas” em sua superfície, que lembra uma coroa quando observada no microscópio. Esses “espinhos” são as proteínas que envolvem o vírus. Já o nome da doença Covid-19 vem da união de letras contidas na expressão “Coronavirus Disease”, ou “Doença do Coronavírus”, com “2019”, ano em que o SARS-CoV-2, o tipo de coronavírus que a causa, foi descoberto.

O nome SARS-CoV-2 remete a “Coronavírus que causam Síndrome Respiratória Aguda Grave” – o número 2 se deve ao fato de outro vírus semelhante ter sido descrito em 2003, o SARS-CoV-1. Outro coronavírus que causou doença em humanos foi o MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio, em português), nomeado de acordo com o local onde as primeiras infecções foram registradas.

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Saúde

Saúde busca ampliar em 30% a oferta de consultas e exames para reduzir filas e acelerar atendimentos

Com investimento de R$ 2,4 bilhões até o final de 2025, objetivo é reorganizar a regulação de atendimentos especializados e integrar a jornada dos usuários

Em um esforço contínuo para otimizar o acesso a consultas e exames especializados, o Ministério da Saúde está implementando o Programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE) , que tem como meta aumentar em 30% a oferta desses serviços no Sistema Único de Saúde (SUS) . Essa expansão busca reduzir o tempo de espera nas filas e melhorar a qualidade do atendimento ambulatorial.

O investimento no PMAE prevê um aporte de R$ 2,4 bilhões até o final de 2025, com o objetivo de reorganizar a regulação de atendimentos especializados e integrar a jornada dos usuários. Esse recurso será destinado para consultas e exames realizados em até 30 ou 60 dias, dependendo da complexidade e urgência de cada caso. A medida abrange tanto o setor público quanto a rede privada, por meio da contratação de prestadores, ampliando o alcance do SUS e promovendo uma maior qualidade dos serviços.

Para garantir a eficiência da gestão de filas, o programa implementará dispositivos de monitoramento e um modelo de financiamento baseado em resultados. Com essa abordagem, o Ministério da Saúde busca substituir o sistema fragmentado de financiamento por procedimento por um sistema que prioriza critérios clínicos e promove uma gestão transparente e eficiente dos atendimentos.

Outro aspecto importante do PMAE é a expansão da Telessaúde, que levará atendimento remoto para áreas mais isoladas do país. Por meio de telemedicina e telediagnóstico, a iniciativa visa reforçar o acesso à saúde em regiões com vazios assistenciais, especialmente em locais de difícil acesso.

O programa já conta com a adesão dos 26 estados e do Distrito Federal, além de 95% dos municípios brasileiros, os quais estão enviando seus Planos de Ação Regional (PAR) ao Ministério da Saúde. Até o momento, já foram recebidos 61 planos de nove estados, cobrindo 2.036 municípios e beneficiando milhares de brasileiros.

Com essas ações, o Ministério da Saúde não só busca reduzir o tempo de espera, mas também transformar a jornada de cuidados especializados no SUS, oferecendo um atendimento mais ágil, acessível e justo para a população.

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Saúde

Coleta de plasma bate recorde em dez meses de 2024, diz Hemobrás

© Hemobrás/Divulgação

Volume é 7,2% superior ao captado em 2023

De janeiro a outubro de 2024, a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás) coletou 160,9 mil litros de plasma, componente essencial para a produção de medicamentos hemoderivados. O número supera a meta de 150 mil litros definida em contrato da empresa com o Ministério da Saúde para 2024. O volume, que representa um recorde histórico na coleta de plasma, é 7,2% acima do captado em 2023. De acordo com a Hemobrás, a estimativa é fechar o ano com cerca de 200 mil litros captados. “Os números atingidos representam um marco para a saúde pública brasileira e para o papel estratégico da Hemobrás no país”, informou a empresa.

Segundo a parceira do Ministério da Saúde, o abastecimento da produção nacional com produtos da empresa será influenciado positivamente pela produção recorde. Para a presidente da empresa, a médica Ana Paula Menezes, as conquistas da Hemobrás refletem o compromisso da empresa com a saúde pública e com o Sistema Único de Saúde (SUS), que é seu único cliente. “Estamos aprimorando, a cada dia, a missão de levar mais saúde e qualidade de vida à população brasileira”, completou em texto divulgado pela Hemobrás.

Para atingir a expectativa de captação, a empresa vem investindo na qualificação de hemocentros em todo o país para garantir o aumento da capacidade de armazenamento de plasma e o aperfeiçoamento dos processos. O objetivo é evitar o descarte do plasma, decorrente de problemas no transporte dos hemocentros até o Complexo Fabril de Goiana, em Pernambuco.

Descarte

A empresa conseguiu ainda outra conquista histórica: a queda de 90% no descarte de plasma após o processo de triagem, que avalia a aptidão das bolsas coletadas para a produção de hemoderivados. O descarte passou de 30% para 3%. “O descarte, nesse processo, não está ligado ao desperdício, mas a problemas diversos que afetam a qualidade industrial, como o caso do transporte”, esclareceu.

A Hemobrás identificou, por meio de estudos técnicos, os principais fatores que resultaram no descarte e, assim, pôde alcançar índices melhores. “Os resultados refletem o empenho conjunto e continuado que busca ampliar a busca ativa por mais plasma em hemocentros de todas as regiões do país e o aproveitamento máximo do plasma industrial enviado à Hemobrás”, analisou a gerente de Produtos e Suprimentos Farmacêuticos da Hemobrás, Melissa Papaléo.

Para fortalecer os processos e reduzir a proporção do total descartado, a Empresa definiu uma série de soluções, como a melhoria no processo logístico de transporte do plasma. “Em parceria com a Octapharma, a Hemobrás passou a utilizar caixas de papelão para acomodar as bolsas de plasma, o que diminuiu de forma significativa as perdas por quebra durante o transporte. Não era uma prática comum para a Octapharma, mas a parceira adaptou-se e a solução dada pela Hemobrás foi aplicada e bem-sucedida, como mostram os números”.

Na visão do diretor Industrial da Hemobrás, Antônio Edson de Lucena, esses desempenhos refletem na qualidade dos produtos oferecidos à população. “São conquistas grandiosas para a Empresa e para a população brasileira porque vemos o amadurecimento do sistema de coleta e de uma utilização cada vez maior do plasma para beneficiamento industrial em favor da produção de medicamentos”, afirmou.

Hemorrede

Como forma de fortalecer a Hemorrede brasileira, a Hemobrás reforçou o trabalho qualificando hemocentros em todo o país e ampliando a capacidade de armazenamento de plasma. “Ao todo, 61 serviços foram qualificados para envio de plasma à Hemobrás e, desses, 55 hemocentros já enviam, juntos, cerca de 20 mil litros de plasma mensalmente. A diferença entre os qualificados e os que já fazem os respectivos envios se dá porque existe um tempo entre o serviço ser qualificado e passar a enviar o plasma em função da necessidade de algumas adequações no processo e sistema e necessidade de obtenção de autorização do Ministério da Saúde”.

No planejamento para 2025, a Hemobrás pretende ampliar o número de hemocentros qualificados, requalificar os já aptos para o fornecimento de plasma, e aumentar a capacidade de armazenamento e envio de plasma dos que já são fornecedores. “Esse trabalho será resultado de investimentos do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal”, concluiu.

O investimento do governo federal na ampliação do volume de plasma coletado nos hemocentros contou com o valor de R$ 100 milhões como parte do PAC, que tem como um dos objetivos renovar e ampliar o parque tecnológico dos serviços de hemoterapia. “A ação do Ministério da Saúde já está em fase de assinatura de contratos e vai beneficiar, inicialmente, 56 hemocentros, de um total de 120 selecionados. A expectativa é que o aumento da capacidade de armazenamento desses hemocentros seja de fundamental importância para que a Hemobrás chegue, ao final de 2025, com mais de 300 mil litros captados”, informou.

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Saúde

OMS convoca G20 para apoiar luta contra câncer do colo do útero

Diretor-geral pediu apoieo para o acesso a vacinas contra o HPV

Durante visita ao Brasil, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, fez um chamado aos líderes do G20 para que apoiem o acesso a vacinas contra o HPV, bem como ao rastreamento do vírus. “Vamos tornar realidade a eliminação do câncer do colo do útero”, escreveu, em seu perfil na rede social X.

Ao chegar ao Rio de Janeiro para a Cúpula de Líderes do G20, Tedros fez referência à iluminação azul projetada no Cristo Redentor, em apoio ao movimento global de combate ao HPV e pela eliminação do câncer do colo do útero. “Esse é o único câncer que temos todas as ferramentas para eliminar”, postou o diretor da OMS nas redes sociais.

Brasil

Dados do Ministério da Saúde indicam que o Brasil registra, em média, 17 mil casos e cerca de 6,5 mil mortes por câncer do colo do útero todos os anos. A doença figura como o terceiro tumor mais incidente entre a população feminina, atrás apenas do câncer colorretal e do câncer de mama.

Em nota, a pasta reforçou a estratégia atual de uma única dose contra o HPV para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos por meio da estratégia de vacinação nas escolas. Em 2023, segundo a pasta, a cobertura vacinal no país para o HPV aumentou em 42% quando comparada a de 2022.

O comunicado destaca também a inclusão de novos grupos, classificados como em situação de vulnerabilidade para a imunização contra o HPV, como vítimas de violência sexual e usuários de profilaxia pré-exposição (PrEP).

A pasta cita ainda o processo de incorporação da testagem molecular do HPV ao Sistema Único de Saúde (SUS). Com apoio do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Ministério informou que elabora novas diretrizes, a serem submetidas à consulta pública, para orientar a implantação da tecnologia nos estados e municípios.

Doença

O câncer do colo do útero, também conhecido como câncer cervical, é causado pela infecção genital persistente provocada por alguns tipos de HPV. O vírus, sexualmente transmissível, é frequente na população.

O contágio pode ser evitado por meio do uso de preservativos. A imunização, entretanto, é considerada a forma mais eficaz de se proteger da infecção e, consequentemente, de prevenir o desenvolvimento do câncer do colo do útero.

A presença do vírus e de lesões pré-cancerosas pode ser identificada por meio de exames preventivos. O quadro é curável na quase totalidade dos casos. Outros fatores de risco para o desenvolvimento do câncer colorretal são o tabagismo e a baixa imunidade.

Atualmente, podem se vacinar contra o HPV, no SUS, os seguintes grupos:

– adolescentes de 9 a 14 anos;

– vítimas de abuso sexual;

– pessoas que vivem com HIV; transplantados de órgãos sólidos e de medula óssea; e pacientes oncológicos com idade entre 9 e 45 anos.

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Saúde

Leitos de UTI crescem 52% em 10 anos; distribuição é desigual

SUS oferece menos disponibilidade do que sistema privado

O número de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) cresceu 52% no Brasil na última década, passando de 47.846 em 2014 para 73.160 em 2024. A alta mais expressiva se deu em 2021 e 2022, durante a pandemia de covid-19.

Os dados fazem parte do estudo A Medicina Intensiva no Brasil: perfil dos profissionais e dos serviços de saúde, divulgado nesta terça-feira (19) pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib).

Em nota, a entidade avalia que, apesar do aumento considerado significativo, a distribuição permanece “gravemente desigual”, tanto pelo aspecto territorial, quanto pelo social.

“Uma análise crítica sobre as informações do estudo demonstra a necessidade de adoção de políticas públicas que promovam uma distribuição mais justa da infraestrutura hospitalar e de profissionais intensivistas pelo país”.

De acordo com a Amib, a disparidade começa pela comparação entre a oferta de leitos para a rede pública e para rede privada de saúde. Em 2024, do total de leitos de UTI existentes no Brasil, 51,7% ou 37.820 são operados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os demais 48,3% ou 35.340 estão no sistema suplementar.

“Apesar da proximidade dos números de leitos de cuidados intensivos disponíveis entre as redes pública e privada, a diferença entre a população atendida pelos dois universos evidencia o problema”, completou a associação.

Os números mostram que no SUS, sistema do qual dependem 152 milhões de pessoas, há 24,87 leitos por 100 mil habitantes. Já na rede privada, que tem 51 milhões de beneficiários de planos de saúde, a disponibilidade de leitos de UTI é de 69,28 por 100 mil beneficiários.

Outra disparidade é verificada entre as regiões brasileiras. Enquanto o Norte apresenta 27,52 leitos de UTI por 100 mil habitantes, o Sudeste registra 42,58 leitos. Em todo o país, a densidade de leitos por 100 mil habitantes é de 36,06. Entretanto, 19 dos 27 estados da federação estão abaixo desse patamar – os extremos vão de 20,95, no Piauí, a 76,68, no Distrito Federal.

Intensivistas

O estudo destaca ainda que, enquanto o número total de médicos, com ou sem especialidade, cresceu 51% entre 2011 e 2023 em todo o país, a quantidade de médicos especialistas em medicina intensiva cresceu 228% no mesmo período – foram contabilizados 8.091 intensivistas em 2023, e 2.464 em 2011.

De acordo com a Amib, a maior parte dos médicos intensivistas em atividade no Brasil se formou há mais de 10 anos, sendo que mais de 75% acumulam entre 10 e 39 anos de prática profissional.

Dentre os intensivistas, a maioria é do sexo masculino (60%) e a faixa etária predominante fica entre 35 e 64 anos, com uma idade média de 52 anos. As mulheres estão as médicas mais jovens, “sugerindo uma possível tendência de aumento da participação feminina na especialidade ao longo do tempo”.

Apesar do crescimento geral da especialidade, Norte e Nordeste registram uma média inferior de intensivistas por habitante quando comparadas às demais regiões, acompanhando a tendência apresentada pela presença menor de leitos de UTI. O Sudeste soma 6.239 registros profissionais, enquanto o Centro-Oeste tem 899 registros. Já o Norte conta com 348 registros.

O Distrito Federal responde pela maior densidade de médicos intensivistas no país, com 14,06 especialistas para cada 100 mil habitantes. O índice representa quase o dobro da densidade do Sudeste (7,35) e quase três vezes a densidade do Mato Grosso do Sul (4,9), que tem base populacional semelhante.

No outro extremo, o Amapá conta com cinco intensivistas, “o que gera uma densidade praticamente nula de especialistas para cada 100 mil habitantes”.

“Nas capitais, a probabilidade de encontrar esse profissional é significativamente maior. A densidade de intensivistas nas 27 capitais brasileiras (14,28) é cinco vezes maior do que a encontrada na soma de todos os outros municípios (2,84)”, concluiu a Amib.

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Saúde

Saúde conclui reuniões com os estados para reforçar medidas de controle da dengue

Encontros online com gestores e técnicos da vigilância epidemiológica e assistência à saúde discutiram estratégias para reduzir casos graves e mortes causadas por arboviroses

O Ministério da Saúde concluiu, nesta terça-feira (12), a primeira etapa de reuniões virtuais com gestores e técnicos de vigilância epidemiológica e assistência à saúde de todos os 26 estados e o Distrito Federal. Representantes de municípios com mais de 100 mil habitantes também participaram. Estiveram em pauta a implementação de medidas preventivas para reduzir casos graves e óbitos causados pelas infecções transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti como dengue zika chikungunya .

Nos últimos dois meses, o secretário adjunto de Vigilância em Saúde e Ambiente , Rivaldo Cunha, conduziu os encontros para discutir com os envolvidos o Plano de Ação para Redução da Dengue e Outras Arboviroses, lançado em setembro pelo presidente Lula e a ministra da Saúde, Nísia Trindade. O plano, elaborado com a participação de pesquisadores e profissionais de saúde, visa fortalecer ações em áreas vulneráveis.

Saiba mais sobre o Plano de Ação para Redução da Dengue e Outras Arboviroses

Nas reuniões, Cunha enfatizou o compromisso do Ministério da Saúde em apoiar estados e municípios, com o objetivo de evitar que decretos de emergência sejam necessários. “Estamos comprometidos em oferecer todo o suporte a cidades e estados para que eles não cheguem a uma situação de emergência”, afirmou o secretário adjunto.

Para o ciclo 2024/2025, o governo federal vai aplicar cerca de R$ 1,5 bilhão para aquisição de vacinas contra a dengue, insumos laboratoriais para testagem das arboviroses, insumos para controle vetorial, campanhas de comunicação, além de suporte aos municípios para custeio assistencial. Estes serão distribuídos aos estados conforme demanda.

Mobilização social

Cerca de 10 minutos por semana fazem toda a diferença para eliminar focos do mosquito Aedes aegypti. Atitudes simples como tampar caixas d’água, esvaziar recipientes e descartar corretamente o lixo são essenciais para interromper o ciclo de vida do mosquito e proteger milhares de vidas humanas. A prevenção começa em casa e o impacto se reflete em toda a sociedade. Esse é o mote da campanha lançada pelo ministério, que tem como slogan “Tem 10 minutinhos? A hora de prevenir é agora” .

Simples atitudes que fazem a diferença:

  • Esvazie garrafas PET, potes e vasos;
  • Guarde pneus em locais cobertos;
  • Limpe bem as calhas de casa;
  • Mantenha a caixa d’água, tonéis e outros reservatórios de água fechados;
  • Coloque areia nos pratos e vasos de plantas;
  • Amarre bem os sacos de lixo;
  • Não acumule sucata e entulho;
  • Receba bem os agentes de saúde e os de endemias.

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Saúde

Unicef destaca avanço em declarações do G20 sobre saúde e clima

Documentos apontam meios de melhorar vida de crianças em todo o mundo

 

Em poucos dias, os líderes das maiores economias do mundo reúnem-se no Rio de Janeiro para participar da Cúpula de Chefes de Estado do G20. O encontro será nos dias 18 e 19 deste mês, mas, em encontros temáticos prévios, os ministros dos países participantes firmaram compromissos, como as duas declarações de saúde aprovadas e divulgadas no dia 31 de outubro.

Os termos desses acordos foram debatidos ao longo de diversos encontros preparatórios, com a participação de organizações como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Em entrevista exclusiva à EBC, a assessora regional para Saúde na América Latina e Caribe, Maaike Arts, falou sobre os pontos-chave dessas declarações e como podem contribuir para melhorar a vida de crianças em todo o mundo, especialmente as que vivem em comunidades mais vulneráveis.

EBC – Como vocês avaliam as duas declarações aprovadas após a reunião de ministros da Saúde?

Maaike Arts – Estamos muito empolgados e felizes com o resultado das duas declarações e também parabenizamos o governo do Brasil porque um dos pontos-chave discutidos foi clima e saúde. Esta é a primeira vez que o G20 faz uma declaração exclusiva sobre clima e saúde. Ou seja, sobre o impacto das mudanças climáticas na saúde e sobre as medidas que precisam ser tomadas, tanto de adaptação quanto de mitigação, para reduzir as mudanças climáticas e seu impacto na saúde. Este é um grande avanço. Outro grande tema que foi discutido, também graças à liderança do Brasil, foi o foco na equidade. Não deixar ninguém para trás, focando nas pessoas mais vulneráveis. Isso aparece em muitos dos diferentes documentos que foram aprovados, incluindo o que trata de clima e saúde. São pontos muito importantes para o Unicef, pois são importantes para todas as comunidades, para todas as famílias e, particularmente, para as crianças.

EBC – Situações de emergência historicamente afetam de maneira mais severa pessoas mais vulneráveis, especialmente crianças. Isso também está acontecendo agora com as mudanças climáticas?

Maaike Arts  Sim. As mudanças climáticas tornam ainda mais graves as desigualdades existentes. Então, quando falamos sobre crianças, é importante perceber que crianças não são apenas adultos em miniatura: a respiração delas é mais rápida, a capacidade de regular a temperatura do corpo é menor, porque o corpo ainda não está totalmente desenvolvido, o cérebro e os sistema imunológico ainda estão se desenvolvendo…  Então, quando elas são afetadas pelas mudanças climáticas, por temperaturas muito altas, enchentes, ou insegurança alimentar, isso as impacta ainda mais, porque elas estão em crescimento. O corpo delas pode não se desenvolver de forma adequada, ou alguns órgãos do corpo podem não se desenvolver bem. Então, especialmente as crianças e, claro, dentro do grupo das crianças, aquelas mais vulneráveis, como as indígenas ou as que vivem em comunidades marginalizadas, serão ainda mais afetadas. O que vemos é que as mudanças climáticas ampliam ainda mais todas as diferenças existentes, e as crianças são especificamente vulneráveis.

EBC  Há muitos anos, organizações como o Unicef vêm alertando os governos obre os efeitos das mudanças climáticas, e ainda assim, a resposta não parece ser a ideal. Você acha que, finalmente, teremos mais ações concretas?

Maaike Arts – Sim, eu acho. Porque cada vez encontramos mais evidências de quão grande é o impacto das mudanças climáticas. As pessoas entendem que esta é uma questão importante para a vida de seus filhos e netos. Só que, atualmente, todos os dias vemos como enchentes, secas e furacões estão afetando a vida das pessoas. Vemos também o impacto das mudanças climáticas no dia a dia e que alguns problemas estão piorando, como a poluição ambiental, e que todas essas coisas estão interligadas. Eu realmente acho que as pessoas vão entender o impacto das mudanças climáticas e que precisamos agir e acelerar as ações. E também, a cada dia, encontramos mais soluções, como, por exemplo, a energia solar. Acho que, se a sociedade entender a gravidade da situação, com todas as opções que temos agora, e se os países aprenderem mais uns com os outros, será possível agir a tempo.

EBC – E tudo isso está diretamente ligado ao conceito de One Health (Uma Saúde), não é? Pode explicar melhor para a gente?

Maaike Arts – Temos aprendido muito nos últimos anos como a saúde dos animais, das plantas e do ambiente está ligada à saúde humana. No contexto das mudanças climáticas, por exemplo, precisamos de certas plantas para fabricação de medicamentos, e se essas plantas não conseguirem mais crescer, teremos menos acesso a esses medicamentos. Além disso, algumas bactérias ou vírus podem proliferar mais por causa das mudanças climáticas. Em certas condições ambientais, quando há poluição, por exemplo, nossa saúde sofre com isso. Quando muitos medicamentos, especialmente antibióticos, são usados para tratar animais, as bactérias podem se tornar resistentes a esses antibióticos e, então, não seremos mais capazes de tratá-las. A resistência microbiana é outro tema global relacionado a esse equilíbrio. Todas essas questões estão conectadas, e precisamos garantir que essas discussões sejam feitas de forma interligada.

EBC – Nós acabamos de sair de uma pandemia e muitos especialistas falam que há risco de novas pandemias no futuro. É possível se preparar para isso?

Maaike Arts – Há uma emergência de saúde pública de importância internacional, que é a mpox, que já está afetando muitos países na África. Portanto, precisamos aprender as lições da pandemia de covid-19, e algumas iniciativas interessantes que surgiram na reunião do G20 foram as sugestões para o financiamento. Como os países podem ter acesso a financiamento para a preparação e a resposta a pandemias? E como podemos estimar quais países estão mais em risco? Quais são os fatores específicos para determinar quais países estão mais vulneráveis a um surto ou epidemia? Além disso, foi bastante discutida a questão de tornar os testes, tratamentos e vacinas disponíveis mais rapidamente. Houve muito progresso nessa área.

EBC – Outro resultado da reunião ministerial que teve bastante destaque foi a criação de uma coalizão global para produção local e regional de insumos, como vacinas e medicamentos. Qual a importância disso, inclusive no caso de ocorrerem novas pandemias?

Maaike Arts – É sempre muito importante as famílias, as comunidades e os países terem acesso, ainda mais em situações de epidemia ou pandemia, a diagnóstico, tratamento, medicamentos. Felizmente, já temos vacinas para prevenir muitas doenças, mas, claro, é necessário ter acesso a essas vacinas a bom preço. Além disso, é preciso também garantir o transporte. Durante a pandemia de covid-19, nós vimos que havia um número limitado de produtores e muitos países precisaram esperar pela produção e pelo transporte. Se houver uma produção maior e também mais produtores locais, claro que isso vai facilitar o acesso às vacinas, mas também a medicamentos e testes, com um preço melhor. O que esperamos é que os países possam aprender uns com os outros e se apoiar dessa forma… Mostrar solidariedade internacional. O Brasil mesmo tem experiências muito boas nessa área e outros países podem aprender com vocês.

EBC –  Por falar em vacinação, o Brasil está batalhando para recuperar os índices vacinais que caíram bastante em anos recentes, e o Unicef aqui tem se envolvido bastante com essa questão. Vocês também observam o mesmo problema em outros países da região?

Maaike Arts – Antes da pandemia, em muitos países da América Latina e do Caribe, a cobertura de várias vacinas importantes estava caindo, por diferentes razões. Aí, com a covid, muitos serviços de saúde ficaram fechados, as pessoas não podiam de sair de casa, tinham medo de ir a um centro de saúde, e claro, muitas ficaram doentes, a cobertura vacinal caiu ainda mais. Mas isso também serviu como um alerta. Quando vimos esses índices de vacinação, e em vários países tivemos mais casos de sarampo, por exemplo, muitos países começaram a tomar medidas, mas não é uma solução fácil. Precisamos olhar para o lado da demanda e garantir que as famílias saibam a importância de vacinar seus filhos. Se tiverem dúvidas, precisamos respondê-las, mas elas também precisam ter acesso a um ponto de vacinação ou a uma clínica de atenção primária de saúde próxima, a clínica precisa estar aberta quando os pais levarem seus filhos, e claro, as vacinas também precisam estar disponíveis e em boas condições. Portanto, todas essas coisas precisam estar em funcionamento. Muitos países estão fazendo seu trabalho em todos esses aspectos, desde estimular a demanda por vacinas até garantir o fornecimento.

EBC – E a gente também tem o desafio da desinformação, não só na área de vacinas, mas na saúde como um todo. Isso também foi discutido na reunião ministerial?

Maaike Arts – Sim, a desinformação é uma grande preocupação para todos nós, inclusive para o Unicef. E o que precisamos fazer é entender de onde ela vem. Por que as pessoas têm essas dúvidas? Uma coisa que sabemos sobre as vacinas, por exemplo, é que, felizmente, muitas doenças não são mais vistas justamente porque há vacinas contra elas… Então, muitas pessoas não sabem o que é o sarampo e se perguntam: “Por que eu preciso vacinar meu filho contra essa doença?” Talvez as pessoas tenham medo de que seu filho sinta dor ou podem querer entender o que é uma vacina, de onde ela vem. Portanto, é importante compreender exatamente qual é a preocupação das pessoas, qual é a informação que elas receberam, para poder iniciar uma discussão com elas. Também ouvimos em uma das reuniões que algumas plataformas de redes sociais estão trabalhando para reduzir e não permitir que certas informações sejam publicadas. Isso também é muito importante, que informações incorretas não sejam espalhadas ainda mais, e precisamos do apoio dos jornalistas e da mídia para lidar com isso. Mas as pessoas não recebem informações apenas de jornais. Então, também precisamos usar outros meios de comunicação para informar corretamente as pessoas.

EBC –  As novas tecnologias também podem contribuir muito, não é?

Maaike Arts – Sim. Um exemplo é a telemedicina, que permite que as pessoas sejam tratadas por telefone. Mas também é muito importante a digitalização de todo o sistema de saúde. Assim, todas as informações coletadas podem ser armazenadas de forma digital, o que permite uma análise mais eficiente dos dados, e você pode vincular as informações de saúde a outros dados, como os de educação. Por exemplo, se houver uma criança com deficiência, a escola já é informada de que essa criança precisa de apoio. O Unicef tem realizado trabalhos muito interessantes em alfabetização digital, basicamente treinando agentes comunitários de saúde para usar seus celulares e ter acesso às informações de maneira fácil. Em comunidades remotas, por exemplo, o agente de saúde pode ir até lá e verificar no próprio celular: “uma criança com esses sintomas, o que isso significa? Qual é o tratamento?” e ele pode tratar a pessoa sem que ela tenha que ser levada a uma clínica. Então, há muitas oportunidades para a saúde digital, e isso pode facilitar muito o trabalho dos profissionais de saúde.

EBC  A situação dos trabalhadores da saúde também foi bastante discutida nas reuniões temáticas. Quais foram as conclusões?

Maaike Arts – Os profissionais de saúde trabalham na linha de frente da prevenção e do tratamento de doenças, e percebemos que precisamos fazer muito mais para atrair trabalhadores, mantê-los em seus empregos e apoiá-los para desempenhar bem suas funções. Sabemos que, muitas vezes, eles não recebem o suficiente para sustentar suas famílias, às vezes trabalham em condições inseguras, o trabalho pode ser fisicamente pesado. E, às vezes, vemos que grande parte da força de trabalho na saúde é composta por mulheres, mas os líderes são homens. Então, as mulheres não se sentem interessadas em permanecer no emprego, porque não veem como podem ser promovidas ou como o trabalho pode continuar sendo interessante. O Unicef está muito interessado também no grupo de agentes comunitários de saúde, porque eles frequentemente são os primeiros a perceber que as pessoas estão doentes. Eles conhecem as famílias e também são os melhores para informá-las sobre tratamentos, sobre vacinas. Em muitos países, eles fazem trabalho voluntário, não são reconhecidos como profissionais. Isso foi incluído especificamente na declaração de saúde do G20, que precisamos fazer mais pelos trabalhadores da saúde.

EBC – Falando um pouco da nossa região, quais os problemas de saúde que estão preocupando mais nesse momento?

Maaike Arts – Na verdade, há várias questões, mas uma que ainda está perto de se transformar em surto é a dengue. O Brasil foi bastante afetado por isso. Estamos trabalhando na prevenção, para garantir que os mosquitos não se reproduzam, e também que as pessoas possam ser diagnosticadas e recebam tratamento rapidamente. Há muitos problemas também relacionados a inundações e secas. Outras preocupações estão relacionadas à saúde materna e dos adolescentes. Por exemplo, a sífilis. É uma doença que pode ser facilmente tratada, mas precisa ser identificada cedo. Também temos casos ainda de crianças vivendo com HIV e o grande desafio da gravidez na adolescência. E, claro, as doenças mais tradicionais, como as respiratórias, continuam presentes e, infelizmente, em situações de emergência, são problemas que tendem a se agravar. Perigos ambientais, como a poluição do ar, podem piorar doenças como a pneumonia, por exemplo. Também estamos mais conscientes da importância da saúde mental. Para o Unicef, a preocupação, em primeiro lugar, é com as mães no período do parto e pós-parto, e também as crianças e adolescentes. Precisamos quebrar tabus sobre isso, falar sobre tais questões. E, quando alguém precisar de apoio, esse apoio tem que estar disponível. Indo para a questão da nutrição, em nossa região, temos alguns países com muitas crianças que são menores do que deveriam ser para sua idade. Isso ocorre especialmente em comunidades indígenas e em outras comunidades marginalizadas, e não está melhorando tão rápido quanto gostaríamos. Outra grande preocupação na área de nutrição é o excesso de peso. Parece uma contradição, mas não é. As razões pelas quais as crianças não crescem bem ou têm excesso de peso, muitas vezes, são as mesmas: muitos alimentos ultraprocessados disponíveis e mais dificuldade de praticar atividades físicas. E, com as mudanças climáticas, a disponibilidade de alimentos saudáveis está em risco, então pessoas com menos recursos terão cada vez menos acesso a alimentos saudáveis.

EBC  Uma das principais propostas desse ciclo do Brasil na presidência do G20 é justamente a formação de uma aliança global pelo fim da fome e da pobreza. Como isso pode contribuir para as pautas de saúde?

Maaike Arts – A pobreza afeta todos os aspectos da vida, incluindo a saúde. Por isso, a redução da pobreza é importante para tudo. E, às vezes, são coisas muito básicas. Em primeiro lugar, as pessoas que vivem na pobreza podem ter condições de vida piores: suas casas não têm isolamento adequado para a chuva, para o frio, para o calor. Assim, as crianças têm mais chance de adoecer. Além disso, elas podem não estar bem nutridas, o que as torna, novamente, mais vulneráveis a doenças. Além disso, são pessoas que podem não ter frequentado a escola por tempo suficiente e talvez não entendam como prevenir doenças ou como cuidar de problemas básicos. Em alguns países, o atendimento de saúde é gratuito, mas, em outros, não é, ou as pessoas precisam comprar medicamentos, e podem não ter dinheiro suficiente para isso. Então, sim, a redução da pobreza ajudaria muito na diminuição de doenças e no impacto que elas causam.

EBC – O G20 reúne as maiores economias do mundo, mas questões como essas impactam mais os países mais pobres, ou seja, que não fazem parte do grupo. Como garantir mudanças globais?

Maaike Arts – Em primeiro lugar, também em alguns dos países mais ricos, incluindo na nossa região da América Latina e Caribe, o Brasil e o México, existem desigualdades internas. Portanto, muitos dos pontos da declaração também são válidos para esses países. Nós estamos prontos para ajudar os governos a ver como podem transformar as palavras das declarações em ações práticas para reduzir a distância entre os mais ricos e os mais pobres. Além disso, alguns países do G20 são países doadores. Então, quando forem apoiar outros países, esperamos que apliquem algumas das sugestões e recomendações feitas nas declarações, para que possam se expandir para além dos países que participaram do encontro, porque são medidas muito relevantes.

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Saúde

Saiba mais sobre as tecnologias adotadas pelo Ministério da Saúde para o controle da dengue

Medidas fazem parte do Plano de Ação para a redução das doenças e inclui o uso de estações disseminadoras de larvicida

A crescente urbanização, as dinâmicas populacionais e os desafios relacionados ao acesso à água e à destinação de resíduos sólidos são alguns dos fatores determinantes para a ocorrência de arboviroses no Brasil, como a dengue, zika e chikungunya. Segundo dados recentes, mais de 5 mil municípios no país têm a presença do mosquito Aedes aegypti, vetor responsável pela transmissão dos vírus causadores dessas doenças. Diante desse cenário, o Ministério da Saúde vem fazendo uso de tecnologias com evidências científicas para fortalecer o controle vetorial, especialmente em cidades com mais de 100 mil habitantes, que concentraram mais da metade dos casos prováveis de dengue entre 2013 e 2022.

As ações fazem parte do Plano de Ação para Redução da Dengue e outras Arboviroseslançado em setembro pelo presidente Lula e a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

A Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses do Ministério da Saúde, área responsável pelo monitoramento, vigilância e política de controle das arboviroses, enfatiza que as estratégias de controle do mosquito devem ser definidas de acordo com as especificidades locais, sempre na lógica do manejo integrado de vetores.

A partir dessa perspectiva, o ministério vem adotando uma série de tecnologias para o controle do Aedes aegypti , que incluem a estratificação de risco territorial para arboviroses, o monitoramento entomológico por ovitrampas, a Borrifação Residual Intradomiciliar (BRI – Aedes), o método Wolbachia, o uso de Inseto Estéril Irradiado e das Estações Disseminadoras de Larvicidas – as EDLs. Soma-se às estratégias de prevenção a incorporação da vacina contra a dengue no SUS em 2023.

Estratégias

O passo inicial, principalmente para os municípios de grande porte, é realizar a avaliação do risco e caracterização do território municipal, considerando os principais fatores que podem contribuir para a infestação dos mosquitos vetores. O monitoramento entomológico por ovitrampas somado aos levantamentos de índices larvários (LIRAa e LIA) permitem uma vigilância permanente da infestação, possibilitando o direcionamento de ações a partir das ovitrampas (armadilhas usadas para capturar os ovos do mosquito).

Confira a seguir as novas tecnologias para o controle do Aedes aegypti que são recomendadas pelo Ministério da Saúde:

Monitoramento entomológico por ovitrampas

As ovitrampas, também chamadas de armadilhas de oviposição, são pequenos recipientes de plástico, que servem para que as fêmeas do Aedes coloquem seus ovos. Poucos dias após a instalação, é feita a substituição da palheta e os ovos são retirados do ambiente pelo agente de endemias, antes que nasçam as larvas do mosquito. A armadilha serve para indicar a presença de Aedes aegypti Aedes albopictus no local, a quantidade de ovos produzida por área e, ainda, ajuda a remover os ovos do vetor da natureza.

O método Wolbachia

O método consiste na liberação de Aedes aegypti infectados com uma bactéria chamada Wolbachia. A Wolbachia é uma bactéria que não infecta o homem ou animais vertebrados, mas que nos mosquitos Aedes aegypti impedem que os vírus da dengue, zika e chikungunya se desenvolvam, contribuindo para redução da transmissão destas doenças.

Os mosquitos com Wolbachia são liberados para que se reproduzam com os Aedes aegypti locais estabelecendo, aos poucos, uma nova população destes mosquitos, todos com Wolbachia . Os ‘wolbitos’, como são chamados, não são transgênicos e não transmitem doenças. Com o tempo, a porcentagem de mosquitos que carregam o microrganismo aumenta, até que permaneça alta sem a necessidade de novas liberações. Por esta razão, ele é considerado um método autossustentável.

Borrifação residual intradomiciliar (BRI- Aedes)

A borrifação residual intradomiciliar consiste na aplicação de inseticida residual em partes das paredes internas de imóveis especiais (IE). Assim, quando o mosquito pousar sobre essas paredes, entrarão em contato com o produto. Ainda, a BRI pode promover repelência dos mosquitos, evitando que eles permaneçam no interior do imóvel.

Classifica-se como imóveis especiais aqueles onde há grande circulação de pessoas durante o dia, já que o mosquito Aedes tem hábitos diurnos. Como exemplo de imóveis especiais estão as estações rodoviárias e de metrô, prédios públicos, escolas, centros comunitários, cooperativas de recicladores, centros de saúde, igrejas etc. É importante ressaltar que esta técnica é segura à população, animais domésticos e meio ambiente.

Inseto estéril

A técnica do inseto estéril por irradiação (TIE-Irradiado) é baseada na liberação de um grande número de mosquitos machos estéreis que, ao copular com as fêmeas, produzem ovos inférteis. Desse modo, é feita uma redução gradativa da população de mosquitos na área. Vale ressaltar que os mosquitos estéreis irradiados não picam as pessoas, pois apenas são liberados os machos. Além disso, vivem tempo o suficiente apenas para procurarem as fêmeas para a cópula.

A técnica se mostra promissora como ferramenta alternativa em locais que o mosquito demonstra um perfil de resistência acentuada a inseticidas ou áreas onde a aplicação não é permitida, como por exemplo áreas de proteção ambiental infestadas por Aedes aegypti , onde existam residências humanas próximas umas às outras. Por esta razão, é uma estratégia adequada para utilização em áreas indígenas localizadas em áreas de preservação ambiental, onde o uso de inseticidas não é permitido.

Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs)

A disseminação de larvicida é uma tecnologia de controle populacional de mosquitos, que atrai as fêmeas de Aedes aegypti Aedes albopictus até recipientes, chamados de Estações Disseminadoras de Larvicida (EDLs), impregnados com larvicidas à base de reguladores de crescimento de insetos.

Ao pousar nas EDLs, as micropartículas do larvicida aderem ao corpo do mosquito. Como as fêmeas de Aedes visitam muitos criadouros para colocar parte dos ovos em cada um, elas disseminam o larvicida, contaminando a água desses criadouros, em um raio que pode variar entre 300 e 400 metros. Desta forma, a água dos criadouros passa ter o potencial de interferir no desenvolvimento das larvas que, dependendo da concentração do larvicida que houver no criadouro, podem não alcançar a fase adulta.

Uma das indicações de uso de EDL são as áreas de difícil acesso como na periferias de grandes centros urbanos e onde os criadouros predominantes do mosquito sejam depósitos ao nível do solo para armazenamento doméstico como tonel, tambor, tina, depósitos de barro e caixa d`água, bem como depósitos móveis – vasos e frascos com água, pratos, garrafas retornáveis, pingadeira, recipientes de degelo em geladeiras, bebedouros em geral, pequenas fontes ornamentais e materiais em depósitos de construção (sanitários estocados, canos, etc.).

Envolvimento da sociedade

O Ministério da Saúde lembra que o controle das arboviroses depende não só de políticas públicas de saúde, mas também do envolvimento de outros setores e da comunidade. Mais de 70% dos criadouros do mosquito estão no interior das casas. A participação da população, especialmente no cuidado com ambientes domésticos, é essencial para eliminar criadouros. Ao mesmo tempo, gestores públicos são incentivados a garantir a limpeza de espaços públicos, consolidando uma abordagem integrada entre governo e sociedade.

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Saúde

Anvisa adota estratégia baseada em inteligência artificial para otimizar análise de medicamentos

Ferramenta irá auxiliar na análise de qualificação de impurezas nos processos de registro e pós-registro de medicamentos.

Como parte de seu compromisso e esforço contínuo em oferecer serviços com qualidade e eficiência, a Anvisa tem adotado diversas estratégias de otimização de seus processos de trabalho. Dentre essas estratégias está a utilização de soluções tecnológicas, como a aplicação de modelos de Inteligência Artificial (IA).

Nesse sentido, a Agência desenvolveu uma ferramenta baseada em IA para otimizar a análise de estudos de qualificação dos limites de impurezas e produtos de degradação de medicamentos sintéticos, classificados como novos, inovadores, genéricos e similares.

A análise de qualificação das impurezas e produtos de degradação é parte integrante da análise de segurança no âmbito do registro e do pós-registro de medicamentos. A atividade é obrigatória quando os limites encontrados nos produtos são superiores aos limites estabelecidos pela Resolução RDC 53/2015, pelos guias internacionais sobre o tema e pelas farmacopeias reconhecidas pela Anvisa.

Quando isso acontece, as empresas precisam fornecer dados que suportem limites seguros para cada uma das impurezas presentes no medicamento. Considerando que algumas impurezas podem se repetir em diferentes medicamentos, a solução desenvolvida permite o aproveitamento de conhecimento prévio na análise de qualificação de impurezas.

Agora, a aplicação da ferramenta permitirá a identificação ainda mais célere de impurezas idênticas àquelas que já tiveram sua segurança analisada anteriormente. Além da identificação, a ferramenta possibilitará o agrupamento e a sistematização dos dados sobre as impurezas, oferecendo as informações de forma mais estruturada para auxiliar na tomada de decisão da Agência.

As ferramentas inovadoras têm se mostrado grandes aliadas no aprimoramento de processos internos. A ideia é permitir que as ações da Agência sejam mais rápidas, mas continuem sendo confiáveis e tendo a qualidade necessária para cumprir sua missão de promover e proteger a saúde da população brasileira.

Saiba mais

Todas as petições de qualificação de impurezas que aguardam análise serão submetidas à nova ferramenta. Para as petições já protocoladas, não é necessária nenhuma ação por parte das empresas. Pela projeção da área técnica, espera-se que a análise de várias petições presentes na lista de análise de qualificação de impurezas e produtos de degradação possa ser concluída ou parcialmente concluída, otimizando e acelerando os processos de registro e pós-registro vinculados. Nos casos em que a análise seja concluída com base na ferramenta, as empresas serão comunicadas por meio de ofício.

Essa estratégia se une à Lista de Impurezas Qualificadas, publicada pela Instrução Normativa IN 258/2023 , como parte do esforço da área técnica para dar mais celeridade na análise de qualificação de impurezas.

A ferramenta também será utilizada para facilitar o fluxo de atualização da IN 258/2023 , listando as impurezas analisadas com base em dados públicos. Com isso, espera-se em breve uma atualização da Instrução Normativa.

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Saúde

Teste do pezinho ampliado detecta mais de 50 imunodeficiências, informa Fapesp

Uma lei sancionada em 2021 determina que, até 2026, todos os serviços disponíveis no país ofereçam a alternativa de teste do pezinho mais completa. Foto: Fapesp/Governo de SP

Startup paulista desenvolveu alternativa de triagem neonatal mais barata e de maior sensibilidade com apoio do PIPE-Fapesp

AgênciaSP

Todos os anos, cerca de 2,5 milhões de bebês nascem no Brasil. Cada um deles é submetido à triagem neonatal — o conhecido teste do pezinho —, disponível no país desde os anos 1970 e obrigatória desde 1992. Rápido, pouco invasivo e praticamente indolor para o recém-nascido, o teste é oferecido nas redes pública e privada de saúde. Sem o resultado dele, não é possível nem registrar o bebê em cartório.

O sangue coletado no calcanhar do recém-nascido permite detectar mais de 50 doenças — embora a maioria das localidades brasileiras ainda ofereça apenas a opção que identifica somente seis enfermidades. Uma lei sancionada em 2021 determina que, até 2026, todos os serviços disponíveis no país ofereçam a alternativa mais completa.

Com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da Fapesp, a startup paulista Immunogenic desenvolveu um teste que reconhece mais de 50 imunodeficiências. O estudo para criar uma alternativa nacional de triagem neonatal ampliada teve início em 2009, no Centro Jeffrey Modell do Brasil, e envolveu a validação em milhares de amostras. “O objetivo é identificar imunodeficiências raras”, diz Antonio Condino-Neto, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e diretor médico da healthtech.

O imunologista aponta que o avanço da tecnologia fez surgirem terapias para doenças raras que eram negligenciadas. “Só faz sentido identificá-las na triagem neonatal se houver tratamento para elas: você cria essa opção se a doença tem incidência relevante na população e se há tratamento”, explica. “É para situações que exigem diagnóstico precoce porque não adianta diagnosticar tardiamente, quando elas já aconteceram.”

As imunodeficiências, por exemplo, preenchem todos esses quesitos. Em qualquer desses casos, quanto antes diagnosticar, melhor. “Para a imunodeficiência grave combinada (Severe Combined Immunodeficiency – SCID), o ideal é diagnosticar no primeiro mês de vida para fazer a genotipagem e programar o transplante de células-tronco até os três meses de idade”, afirma Condino-Neto.

Segundo o pesquisador, existem cerca de 20 formas de SCID — todas elas detectadas pelo teste do pezinho criado pela Immunogenic.

“Um bebê com agamaglobulinemia tem falta de linfócito B. Ele nasce com anticorpos recebidos da mãe durante a gestação, mas pelo sexto mês já não os tem mais e não consegue produzir outros. O diagnóstico precoce impede que a criança venha a óbito antes de completar um ano de vida. A reposição de imunoglobulinas é coberta pelo Sistema Único de Saúde (SUS), assim como os demais tratamentos para imunodeficiências.”

Atualmente, a triagem para a identificação dessas doenças é feita com testes importados. Os cientistas da Immunogenic, então, desenvolveram uma solução nacional a partir de pesquisas acadêmicas. “Como isso tem aplicação direta na atenção ao indivíduo, criamos a Immunogenic, porque não seria possível continuar em um laboratório acadêmico”, pontua Condino-Neto. “A startup é quase uma cópia do laboratório de imunologia humana do ICB-USP, mas oferece produtos para o mercado”, compara.

Busca por parceiros

Segundo o pesquisador, o teste da Immunogenic já é usado pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de São Paulo, atualmente denominada Instituto Jô Clemente. Na capital paulista, existe lei para a realização da triagem ampliada desde 2020. “Em dois anos, com uma média de 8 mil a 10 mil testes por mês, diagnosticamos oito casos de SCID: dois de agamaglobulinemia congênita e o primeiro de leucemia congênita do mundo”, detalha. “Estatisticamente, identificamos o dobro do esperado. Isso deixa a gente bastante entusiasmado.”

A próxima etapa será registrar o teste na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e encontrar parceiros para fabricá-lo. “Um kit nacional tem a vantagem de ser mais barato e de ter 15 anos de pesquisa e calibração da sensibilidade (o que se detecta) e da especificidade (o diagnóstico da doença em si, não de um falso positivo) para o DNA brasileiro.”

Ele aponta que as opções importadas não identificam tudo o que a nacional reconhece. “São bons testes, mas nós estamos calibrando há 15 anos no DNA brasileiro, que é diferente de DNAs de outros países”, reforça. “Nosso kit diagnostica, inclusive, a atrofia muscular espinhal (AME).”

Condino-Neto diz que, no momento, a equipe faz um estudo do teste concorrente. “Uma coisa é a informação de catálogo, outra é a vida real.” Além disso, para que a triagem neonatal seja efetiva, é preciso padronizar o processo em milhares de amostras. “O teste importado vem com as instruções para que o usuário faça sua própria curva de normalidade. Nós, como fazemos isso há 15 anos, fornecemos parâmetros mais precisos. Mesmo assim, cada Estado brasileiro vai ter referências diferentes e, se mudar a plataforma, é preciso refazer tudo.”

Além disso, o teste nacional tem outra vantagem: enquanto os concorrentes oferecem equipamentos próprios para o processamento das amostras para quem compra os kits, a alternativa brasileira é compatível com qualquer equipamento de biologia molecular. “É um teste que tem a flexibilidade de poder ser usado em qualquer lugar do mundo.”

Nesse aspecto, a Immunogenic já busca interessados em comprar os kits brasileiros em outros países. “As negociações para vender nosso teste em outros mercados já estão em fase adiantada. A opção poderá ser usada na Europa, nos Estados Unidos, na África, na Ásia, na Oceania, ou seja, em qualquer lugar. Em outros países, eles terão de reconfirmar nossa referência com as amostras deles, mas isso não é uma desvantagem, já que a solução é mais flexível em relação à plataforma de processamento. Sem contar que o preço deve ser metade ou menos do que a concorrência.”

Por enquanto, ainda são poucos os locais que oferecem a triagem neonatal ampliada sem custo extra. “Bebês que nascem em serviços públicos no município de São Paulo já têm isso assegurado. No interior do Estado de São Paulo e em outras localidades, é preciso confirmar se a opção está disponível. Como ainda não está no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), não é coberto pelos planos de saúde.”

O pesquisador destaca que a conscientização sobre o tema e a participação popular na cobrança por providências são fundamentais para que a triagem neonatal ampliada seja incluída no rol da ANS. “Assim, a cobertura vai ser obrigatória nos planos de saúde. Eles representam mais ou menos 30% do mercado no Brasil. É um percentual relevante e pode ajudar a aliviar as contas do SUS.”

Para Condino-Neto, o parto envolve necessidades da mãe e do bebê — e ambas devem ser satisfeitas. “É importante que a mãe possa dar à luz em condições saudáveis e sem complicações, e que o recém-nascido faça o teste completo de triagem neonatal. É isso que a gente quer.”

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