PARKINSON

Saúde

Estudo associa vacina de tétano a menor risco de Parkinson

Pesquisadores sugerem que a toxina da bactéria causadora do tétano poderia levar à neurodegeneração; mas resultados da pesquisa ainda são muito preliminares

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

A vacina contra o tétano poderia reduzir o risco de uma pessoa desenvolver Parkinson, sugere um novo estudo israelense. Segundo os autores, os resultados apontam para um envolvimento da bactéria causadora da infecção no surgimento da doença degenerativa. Conforme mostrou um algoritmo criado pelos pesquisadores, quanto mais recente a dose, maior o efeito protetivo. A vacinação também pareceu retardar a progressão da doença.

Os pesquisadores especulam que a toxina da bactéria Clostridium tetani, causadora do tétano, poderia estar presente no trato gastrointestinal e migrar para o sistema respiratório, incluindo seios paranasais, o que levaria a danos nos nervos. Mas os próprios autores reconhecem que a simples presença do patógeno não seria suficiente para promover o Parkinson.

Os dados são de uma pesquisa observacional conduzida por cientistas da Universidade de Tel Aviv e da Leumit Health Services, organização que mantém registros eletrônicos médicos completos das últimas duas décadas. Eles acompanharam 1.446 pacientes adultos que receberam diagnóstico de Parkinson entre 45 e 75 anos de idade e os compararam a um grupo controle formado por mais de 7 mil pessoas. Entre os diagnosticados, 1,9% tinham tomado a vacina no período avaliado, contra 3,1% dos demais.

A doença de Parkinson é multifatorial e não há uma única causa. Sabe-se que ela está relacionada a diversos fatores, inclusive ambientais, como contato com solventes, metais pesados e toxinas, além de problemas hormonais e do próprio envelhecimento. Em alguns casos, a condição se deve a mutações genéticas. “Daí a dificuldade em desenvolver um remédio capaz de curá-la”, explica o neurologista André Felício, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Neuroinflamação e toxinas são mecanismos conhecidos que deflagram doenças neurodegenerativas, entre elas, o Parkinson. Seja no bulbo olfatório ou no intestino, esse processo começa na periferia até chegar ao cérebro”, explica Felício.

Mas, segundo o médico, é preciso muita cautela com os resultados desse estudo, que ainda não foi revisado por pares. “A pesquisa aponta na direção de infecções e toxinas que ingerimos ou inalamos ao longo da vida e que poderiam, por exemplo, mudar a flora bacteriana ou a flora no pavilhão olfatório. A partir daí, inicia-se o processo de neurodegeneração”, diz o especialista. “No entanto, essa relação é ainda timidamente explorada na literatura científica e o veículo de publicação é bem frágil. O ideal seria que fosse publicado numa revista melhor”, ressalta o especialista.

O Parkinson é uma doença crônica neurodegenerativa causada pela queda na produção de dopamina, um neurotransmissor envolvido no controle motor. Além dos sintomas clássicos, como tremores, lentidão e rigidez nas articulações, pode haver ansiedade, depressão, demência, entre outros. Não há cura, mas dá para controlar os sintomas com remédios. Alguns pacientes podem se beneficiar da estimulação cerebral profunda, que usa uma espécie de marca-passo implantado cirurgicamente e produz um estímulo elétrico capaz de modular as estruturas nervosas envolvidas nos sintomas.

Já o tétano é uma infecção causada pela toxina da bactéria Clostridium tetani, que está presente em ambientes como solo, poeira, fezes de animais e vegetação. O risco, portanto, não está só em pregos enferrujados. O agente infeccioso entra no organismo por meio de ferimentos ou lesões e causa rigidez muscular, podendo levar à insuficiência respiratória e à morte.

No Brasil, a vacina contra o tétano é administrada juntamente com as de coqueluche e difteria e faz parte do Calendário Nacional de Vacinação. Ela é oferecida para bebês em três doses (aos 2, 4 e 6 meses de vida), com reforços aos 15 meses e aos 4 anos. Adultos devem tomar reforços a cada dez anos, ou a cada cinco em caso de ferimentos graves.

Fonte: Agência Einstein

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Brasil e Mundo

SUS terá primeiro medicamento para demência associada ao Parkinson

© Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Rivastigmina é único remédio com registro no país para a condição

Por Agência Brasil – Brasília

O Ministério da Saúde publicou nesta sexta-feira (21) a portaria de incorporação da rivastigmina no Sistema Único de Saúde (SUS). O remédio é o único com registro em bula no país para tratamento de pacientes com doença de Parkinson e demência.

Com recomendação favorável da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), o tratamento tem se mostrado eficaz para o controle dos sintomas cognitivos da doença. Cerca de 30% das pessoas que vivem com Parkinson desenvolvem demência por associação e, nesse caso, não havia até o momento tratamento medicamentoso disponível no SUS.

A demência causa lentidão cognitiva, déficits de atenção e memória, bem como alucinações, delírios e apatia.

“Sabemos que o envelhecimento da nossa população já é uma realidade. A doença de Parkinson não tem cura e tem afetado parcela significativa de brasileiros e essas pessoas, seus familiares e cuidadores precisam contar com o SUS para terem acesso a tratamentos que propiciem uma vida melhor”, avalia o secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha. 

Parkinson

O Parkinson é a segunda doença neurodegenerativa mais comum no mundo, menos frequente apenas do que a doença de Alzheimer, que já conta com o tratamento com a rivastigmina na rede pública de saúde. Atualmente, há entre 100 e 200 casos de doença de Parkinson para cada 100 mil indivíduos com mais de 40 anos e essa quantidade aumenta significativamente depois dos 60 anos.

Atualmente, o SUS já conta com tratamentos medicamentosos e fisioterapêuticos, implantes de eletrodos e geradores de pulsos para estimulação cerebral para pessoas que vivem com a doença de Parkinson. Os principais objetivos do tratamento para a doença são deter a progressão e diminuir os sintomas.

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