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Valinhos e os legados de Flávio de Carvalho e Adoniran Barbosa

Apesar da ausência de homenagens oficiais, as contribuições eternas de Flávio de Carvalho e Adoniran Barbosa para a cultura brasileira continuam a iluminar Valinhos, relembrando a grandiosidade artística que a cidade abrigou

Valinhos tem a honra de ser um dos lares de dois dos maiores gênios da cultura brasileira: Flávio de Carvalho e Adoniran Barbosa. Em agosto, celebramos os aniversários de nascimento desses artistas cuja influência transcende gerações e continua a inspirar admiradores de todas as partes do Brasil.

Flávio de Carvalho teria completado 125 anos no dia 10 de agosto. Nascido em Barra Mansa, no Rio de Janeiro, em 1899, Flávio se formou em engenharia civil pela Universidade de Durham, na Inglaterra, e também estudou artes na King Edward the Seventh School of Fine Arts. Contudo, foi em Valinhos que ele deixou seu legado mais marcante. Vivendo na Fazenda Capuava de 1939 até sua morte em 1973, Flávio de Carvalho transformou a casa que construiu na propriedade em um símbolo da Arquitetura Moderna no Brasil. Sua Casa Modernista, que até hoje se destaca como um patrimônio histórico tombado, não é apenas um marco arquitetônico, mas também o epicentro de sua vasta e multifacetada produção artística. Engenheiro, arquiteto, desenhista, pintor, cenógrafo, teatrólogo e escritor, Flávio de Carvalho foi um provocador nato, cuja obra desafiava as convenções e explorava os limites da arte e da sociedade.

Já Adoniran Barbosa, o pai do samba paulista, completaria 114 anos no dia 6 de agosto. Nascido em Valinhos em 1910, Adoniran, cujo nome verdadeiro era João Rubinato, é conhecido por dar voz às crônicas do cotidiano paulistano através de suas músicas. De origem humilde, Adoniran teve uma trajetória marcada por diversos ofícios antes de se consagrar como um dos maiores compositores do Brasil. Sua maneira única de compor, sem se preocupar com a correção gramatical, conferiu autenticidade e proximidade com o povo às suas canções. Clássicos como “Trem das Onze”, “Saudosa Maloca” e “Samba do Arnesto” continuam a embalar gerações e a narrar a história de uma São Paulo que, segundo o próprio Adoniran, se perdeu com o passar do tempo. Mesmo após sua morte, em 1982, sua obra permanece viva, eternizada por intérpretes como Demônios da Garoa e Elis Regina.

Infelizmente, neste ano, a Secretaria de Cultura de Valinhos não organizou nenhuma programação especial para comemorar essas datas tão significativas. Entretanto, a memória de Flávio de Carvalho e Adoniran Barbosa, com suas contribuições inestimáveis à cultura brasileira, segue viva nos corações daqueles que reconhecem a importância de suas obras. Suas trajetórias nos lembram que Valinhos, em sua rica história, foi e sempre será um berço de talentos que ajudaram a moldar a identidade cultural do Brasil.

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