Saúde
Sorotipo DENV-3 da Dengue registra aumento e preocupa especialistas

A reportagem da Folha de Valinhos ouviu o biomédico, professor universitário e pesquisador científico, Alexandre Veronez, para falar sobre o avanço e impactos da transmissão, que já acende um alerta para o serviço de saúde de todo o país, principalmente no Estado de São Paulo
Dados do Ministério da Saúde apontam que São Paulo é o estado do país como maior número de casos prováveis de dengue em 2025. Somente nas seis primeiras semanas do ano foram contabilizados 164.464 mil casos prováveis da doença, o que já representa um aumento de aproximadamente 60% em relação ao passado. A elevação contínua no estado paulista preocupa ainda mais devido a maior presença o chamado sorotipo DENV3, que não circulava no país há mais de 15 anos.
O Ministério da Saúde aponta ainda que esse crescimento foi mais evidente nas últimas semanas de dezembro de 2024, quando o sorotipo DENV3 começou a se espalhar de forma mais significativa, representando 31,8% dos casos no Amapá, 28,7% em São Paulo, 18,2% em Minas Gerais e 9,3% no Paraná.
Os quatro estados lideram a circulação do DENV3, que tem mostrado um crescimento preocupante em comparação com os outros sorotipos predominantes, como o DENV1 e o DENV2. Para se ter ideia, em dezembro de 2023, o Brasil apresentava apenas 0,32% de casos de DENV-3, mas em dezembro de 2024 esse percentual saltou para 40,79%.
A Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde informou que está em estreito diálogo com a secretaria estadual de saúde, conselho de secretarias municipais do estado e secretarias municipais de saúde dos municípios com maiores números de casos de dengue, com visitas e apoio técnico. Neste momento, por exemplo, a Força Nacional do SUS mantém equipe em São José do Rio Preto, no interior do estado.
VALINHOS
A Prefeitura de Valinhos informou a reportagem da Folha de Valinhos que a última atualização da Secretaria da Saúde, publicada no site da Prefeitura de Valinhos, foi nesta quarta-feira, dia 26, contabilizava 574 notificações de casos prováveis de dengue, além de 96 casos positivos confirmados, sendo 61 autóctones, sete importados e 33 de pessoas de outros municípios atendidas em Valinhos. Os resultados negativos somam 427 casos descartados para dengue.
De acordo ainda com publicação do site oficial da Prefeitura, desde o início do ano Valinhos já contabilizou 1106 notificações, com 164 casos positivos e 856 negativos.
Sobre o registro de algum caso Sorotipo 3 a Secretaria de Saúde Municipal comunicou que não houve.
ENTENDAS OS IMPACTOS
Para entender os impactos que o aparecimento sorotipo DENV3 pode ocasionar a reportagem da Folha de Valinhos ouviu nesta quarta-feira (26), o mestre em Ciências Biomédicas, biomédico especialista, professor universitário e pesquisador científico, Alexandre Veronez.
Residente na cidade de Valinhos há 40 anos e atuante desde 2007 como biomédico, Veronez confirma que a taxa de crescimento acende um alerta já que o avanço do DENV3 pode levar a um cenário alarmante, com um aumento expressivo no número de casos em um curto prazo.
“O aumento dos casos de dengue 3 chama a atenção porque grande parte da população, especialmente as mais jovens, é suscetível. Isso porque o vírus circulou em níveis baixos nos últimos anos e muitas pessoas não desenvolveram imunidade contra esse sorotipo”, explicou Veronez que também é professor no Centro universitário Unimetrocamp Wyden.
Sobre os tipos de dengue, Veronez explica que o vírus da dengue é transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti e possui quatro sorotipos diferentes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 — todos podem causar as diferentes formas da doença. “Ou seja, uma pessoa pode ter dengue até quatro vezes ao longo de sua vida. Isso ocorre porque ela pode ser infectada com os quatro diferentes sorotipos do vírus. A imunidade à dengue é específica para cada sorotipo. Assim, quem teve dengue dos sorotipos 1 ou 2 não pode ser reinfectado por esses tipos, mas pode ser infectado pelo sorotipo 3.”, reforçou o biomédico.
Veronez chama atenção ao fato que o DENV-1 e o DENV-2 continuam a circular ao mesmo tempo e diz que a chance de infecções múltiplas (por mais de um sorotipo) também aumenta, o que eleva o risco de complicações graves.
O QUE FAZER?
A Secretaria da Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde informou que ainda não sabe ao certo como o sorotipo 3 vais se espalhar de fato pelo país.
Para Veronez é por isso mesmo que os estados e os municípios precisam se concentrar agora em uma vigilância mais ampla, não apenas monitorando os casos de dengue, mas também estudando os mosquitos transmissor e compreendendo a dinâmica e a intensidade da transmissão do vírus é essencial para a epidemiologia e o controle da doença.


