RMC

SMCC alerta para riscos da chikungunya chegar a Campinas

Casos estão aumentando em regiões relativamente próximas; profissionais de saúde devem ficar atentos

Enquanto a atenção pública está focada na batalha contra a dengue, que se tornou um sério problema de saúde, a Sociedade de Medicina e Cirurgia de Campinas (SMCC), atenta ao atual cenário, está emitindo um alerta sobre os riscos da chikungunya chegar à região, já que a doença está com transmissão estabelecida em regiões relativamente próximas, como cidades do noroeste do Estado de São Paulo e Minas Gerais.

Desde 2014 com transmissão na região Nordeste do Brasil, a chikungunya vem ganhando terreno em outras regiões do país. Dados do Painel de Monitoramento do Ministério da Saúde apontam que, só neste ano, no Estado de São Paulo, são 5.016 casos em investigação. No ano passado, foram 3.389. “Em anos anteriores, já tivemos número expressivos de casos na Baixada Santista e em Barretos. O principal desafio está na semelhança dos sintomas iniciais entre a dengue e a chikungunya, embora suas formas graves sejam distintas”, explica o epidemiologista da SMCC, Dr. André Ribas Freitas.

Enquanto a dengue tende a agravar-se devido à desidratação, hipovolemia e choque, a chikungunya apresenta mais frequentemente complicações respiratórias, cardiovasculares e neurológicas. Consequentemente, a abordagem terapêutica precisa ser diferente. Ribas enfatiza a necessidade de uma investigação integrada, abrangendo ambas as doenças. “Precisamos estar em alerta porque os dados disponíveis podem não corresponder à realidade, principalmente porque não está sendo feita uma investigação de maneira sistemática. Estudos demonstram que a chikungunya pode ser até oito vezes mais letal que a dengue, então é fundamental ter o diagnóstico correto para que o paciente possa ser tratado de maneira adequada”, destaca o epidemiologista.

Até o dia 12 de abril, Campinas já havia registrado 49.224 casos de dengue, com 8 óbitos confirmados. Por causa do número de casos, o diagnóstico na cidade passou a ser feito apenas por meio de sintomas clínicos, sem necessidade de teste. Diferentemente da dengue, os casos de chikungumnya precisam ser confirmados laboratorialmente. Campinas registrou, até agora, dois casos confirmados de chikungunya este ano.

O Ministério da Saúde preconiza que qualquer indivíduo que apresente febre e dores articulares deva ser testado também para chikungunya. Em Campinas, dados do Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) revelam que 8,1% dos pacientes com suspeita de dengue apresentam dores nas articulações. “Com base nesses números, estima-se que pelo menos 3.987 pessoas deveriam ser submetidas à investigação para chikungunya”, comenta Ribas.

“Além de testar, é fundamental conscientizar e capacitar os profissionais de saúde para reconhecerem e tratarem eficazmente a chikungunya. Como ambas as doenças são transmitidas pelo Aedes aegypti, é importante intensificar os esforços de controle vetorial e promover a educação pública sobre medidas preventivas”, afirma o epidemiologista.

 

COMPARTILHE NAS REDES