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RMC em Mudança: Análise das eleições e o futuro político da região

Cientista político Ademar Ferreira analisa o impacto das eleições na Região Metropolitana de Campinas e aponta para a perda de protagonismo político e a necessidade de eficiência na administração pública

As eleições municipais do último domingo, dia 6 de outubro, trouxeram resultados significativos para as 20 cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC). De acordo com dados obtidos junto ao site do Tribunal Superior Eleitora – TSE – relacionados aos resultados das urnas,  50% dos prefeitos foram reeleitos, enquanto dois municípios, Indaiatuba e Paulínia, conseguiram emplacar sucessores. Em meio a esse cenário, a Folha de Valinhos conversou com o cientista político Ademar M. Ferreira, especialista em gestão pública, que analisou o que os resultados significam para a RMC.

Com um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 266.807.891,88 bilhões e uma população superior a 3,1 milhões de habitantes, a RMC se posiciona como a segunda maior região metropolitana do estado de São Paulo. Seu parque industrial diversificado e centros inovadores em pesquisa e tecnologia revelam uma vitalidade econômica. No entanto, Ademar Ferreira afirma que “a RMC perdeu o protagonismo, Campinas mais ainda. A política ficou pequena na RMC antes mesmo de ficar pequena no Brasil”.

 “Na RMC, a política parece ter perdido o protagonismo, e Campinas, em particular, mais ainda. A política ficou pequena na RMC antes mesmo de ser reduzida em nível nacional”, afirmou Ademar, que possui formação em ciências sociais pela Unicamp e profundo conhecimento da região.

Os dados das eleições indicam uma continuidade nas gestões atuais, mas, como ressalta Ferreira, a reeleição não é garantia de sucesso. Exemplo disso é Valinhos, onde a prefeita Capitã Lucimara (PSD) não conseguiu se reeleger. Em seu lugar, o novato Franklin, do PL, conquistou a preferência do eleitorado, obtendo 29.320 votos, equivalentes a 45,91% dos votos válidos. Essa escolha reflete uma tendência mais ampla na RMC, onde, ao contrário de Valinhos, municípios como Americana, com o prefeito Chico Sardelli (PL), reeleito com 72,75% dos votos, e Campinas, onde Dário Saadi (Republicanos) obteve 66,77% dos votos, mostraram uma clara aprovação da gestão anterior.

Ferreira destaca que, na RMC, o eleitor está cada vez mais focado em demandas por serviços públicos de qualidade. “Os cidadãos estão interessados em questões práticas, como a presença de médicos nos postos de saúde, a qualidade da educação e a infraestrutura das ruas”, observou. Ele aponta que essa busca por eficiência do Estado se reflete no percentual de reeleição elevado, que foi possível também devido a mudanças partidárias de alguns prefeitos para siglas que têm forte presença política, como o PL e o Republicanos.

Ainda segundo o cientista político, o viés anticorrupção também desempenhou um papel importante nas eleições. Ele observou que a discussão ideológica entre esquerda e direita perdeu força, dando lugar a uma busca por resultados práticos e por uma administração mais eficiente.

Na RMC, a única cidade onde o PT ainda tenta se manter relevante é Sumaré, que realizará seu primeiro segundo turno entre Henrique do Paraíso (Republicanos) e Willian Souza (PT). Ademar Ferreira comenta que a eleição deste ano reflete uma continuidade de sentimentos de 2016, quando escândalos de corrupção abalaram a confiança dos eleitores.

“O viés anticorrupção pesou novamente”, afirma Ferreira.

Apesar dos resultados expressivos em muitas cidades, Ferreira alerta para a desconexão administrativa da RMC. “Temos um parque industrial diversificado e centros de inovação, mas os órgãos de gestão não funcionam como deveriam. A RMC é vista como um aglomerado de cidades, e não como uma região que se pensa coletivamente”, ressaltou.

A falta de conexão entre as cidades da RMC e a ineficiência dos órgãos de gestão metropolitana, como Agecamp e o p´roprio Conselho de Desenvolvimento metropoiitano que reúne os prefeitos, refletem um desafio para a região, que possui uma capacidade econômica significativa, mas carece de uma estratégia política integrada.

À medida que a RMC se adapta a esse novo panorama político, a análise dos resultados eleitorais e suas consequências econômicas e sociais se torna crucial. O futuro da região dependerá não apenas das novas administrações, mas também da capacidade de seus líderes em trabalhar juntos por uma gestão mais integrada e eficaz.

REELEIÇÃO NO BRASIL

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) vivenciou um cenário significativo em relação às eleições municipais, com uma forte presença de candidatos buscando a reeleição. As eleições de 2024 foram marcadas por um alto índice de reeleição, refletindo uma tendência que se estendeu  a várias cidades do país. Entre os mais de 3 mil prefeitos que buscaram se reeleger nas eleições municipais de 2024, 80,6% tiveram sucesso no pleito realizado no domingo, dia 6 de outubro, conforme os resultados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após a apuração.

No total, 2.444 prefeitos conseguiram mais quatro anos de mandato, enquanto 590 enfrentaram derrotas para seus adversários. Os reeleitos representam 44,67% do total de candidatos a prefeito que venceram as eleições de 2024, enquanto os outros 3.027 eleitos (55,33%) iniciarão novas administrações em suas cidades a partir de 2025.

Esse fenômeno não é apenas uma reflexão da satisfação dos eleitores com a gestão atual, mas também indica uma escolha por estabilidade em tempos de incerteza política e econômica. A RMC, ao seguir essa tendência nacional, demonstra um desejo por continuidade nas políticas públicas e uma busca por aprimoramento das gestões já estabelecidas.

 

 

 

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