Opnião

Um erro estratégico e político

Para quem achava que o clima político na cidade estava morno, a semana que se finda mostrou o contrário.  A convenção do PMDB e a crise no PV deram o tom que o processo eleitoral precisava.
Em 61 anos de história de Emancipação Político-Administrativa e a caminho da 16ª eleição, Valinhos sempre teve seus processos eleitorais marcados por acirramentos e grandes disputas, especialmente as que marcaram o período dos chamados “paragatas” e “gravatinhas”.
Mas fazia tempo que não víamos um desdobramento político como o marcado pelos últimos acontecimentos, quando o PV do vice-prefeito Luiz Mayr anunciou que irá apoiar a candidatura de Orestes Previtale do PMDB. Um fato semelhante a este aconteceu no início dos anos 1980, quando o grupo do prefeito Vitório se desligou do grupo do ex-prefeito Arildo Antunes dos Santos.
Mayr errou duas vezes. Estrategicamente ao deixar a administração municipal, na qual realizava um bom trabalho a frente do DAEV e onde sempre manteve um bom relacionamento com o prefeito Clayton Machado, para tentar se viabilizar politicamente. Ele sabia que a reeleição era um direito legítimo do atual prefeito e acreditou que, com sua saída, conseguiria articular um grupo para levar a cabo sua candidatura. Não obteve êxito.
Politicamente e, consiste neste ponto seu pior e imperdoável erro, ao anunciar apoio ao PMDB do ex-prefeito Marcos, que terá como candidato a prefeito o vereador Orestes Previtale. Um anúncio que, em tempos de redes sociais, sequer foi comemorado por qualquer lado.
Em nota encaminhada a imprensa da cidade, Mayr já estaria colaborando com a feitura do Plano de Governo do PMDB. Segundo ele, as propostas do seu grupo são parecidas com as do grupo que apoia Orestes.
Quem conhece a história, sabe que as propostas são antagônicas, pois Mayr tem sua matriz política ligada ao grupo do prefeito Vitório Antoniazzi, e em 2004 foi candidato a prefeito e obteve mais de 22 mil votos. Em 2008, teve outra oportunidade e não participou da eleição. Retomou a vida política em 2012, quando ao lado de Clayton realizou uma campanha vitoriosa, que colocou fim ao ciclo dos chamados “paragatas” e “gravatinhas”.
Ao optar pelo PMDB, Mayr mancha sua biografia e – pior – coloca na berlinda os próprios candidatos a vereadores do PV, que acreditavam num projeto maior e que pudesse trazer benefícios as suas candidaturas. Na eleição proporcional (vereador), o PV estará coligado com o PHS e vai precisar suar muito a camisa para fazer o coeficiente eleitoral.
Mais estranho ainda foi saber que na convenção do PMDB para a homologação do nome de Orestes Previtalle e da sua vice Laís Helena não estava presente nenhum representante do PV, ou seja, de ator principal, correm o risco de não serem nem coadjuvantes do momento político e podem simplesmente atuar como meros figurantes. O PV sequer foi mencionado em discursos na convenção dos descendentes dos “paragatas”.
Faltou ao Mayr habilidade política, especialmente em organizar seu partido que é presidido por uma única pessoa há mais de 16 anos. Um partido assim não evolui e Mayr teve a oportunidade de chamar para si essa responsabilidade. No final do ano passado, o PV tinha dois vereadores na Câmara e acabou perdendo um deles. César da UPA acabou optando pela Rede em função de desentendimentos com a presidência. A arte de fazer política é a arte de “ciscar para dentro”.
De todo modo, foi essa a opção. Muitos dos tradicionais políticos e militantes ligados ao vice-prefeito se decepcionaram e optaram até mesmo por migrarem para outro grupo, pois segundo eles “seriam estranhos no ninho”. Resumo da ópera, foi um erro estratégico e político.

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