Opnião

Um bom exemplo!

 Na próxima segunda-feira, 13, a Santa Casa traz para Valinhos, pela primeira vez, “Os Caçadores de Bons Exemplos”, uma iniciativa que merece nossos elogios, uma vez que nosso mais antigo hospital, que enfrenta uma grave crise, em sua maior parcela por falta dos pagamentos adequados do SUS, ainda busca meios para se aproximar da comunidade e levar até ela não apenas um pedido de ajuda. Ao contrário, quer  com este evento (gratuito) e num momento de instabilidade trazer uma palestra motivadora e cheia de encantos.
Temos certeza que através desta edição estaremos também contribuindo com o sucesso deste evento, pois acreditamos no potencial de todos aqueles que aproveitam os momentos de adversidades para se reinventarem. O empreendorismo, mesmo que social, demonstra que o Brasil com seu povo criativo está cada vez mais buscando saídas para esse momento difícil. Os “Caçadores de Bons Exemplos” vão trazer uma visão de um Brasil muito diferente da que nós conhecemos.
A Santa Casa de Valinhos é um grande “bom exemplo”, que deveria servir de inspiração para todos os valinhenses. Criada há 56 anos através da reunião de um grupo de cidadãos liderados pelo ex-prefeito  José Spadaccia, tiveram a sensibilidade de perceber que Valinhos necessitava de um hospital: fundaram a Irmandade da Santa Casa.
A história de sucesso é referendada pelas centenas de vidas ali salvas e outras centenas que pelas mãos de médicos e enfermeiros que vieram ao  mundo, e hoje faz em torno de 11 mil atendimentos por mês entre o SUS e planos de saúde.
Mas, assim como todo hospital filantrópico, a Santa Casa passa e já passou por diversas crises e toda vez as enfrentou com determinação, altivez e apoio da comunidade e voltou ainda mais forte.
Existem no Brasil aproximadamente cerca de 6.611 hospitais, deste total, 2.379 são com características de fins lucrativos que só atendem planos de saúde e particulares; 2.062 hospitais públicos que só atendem o SUS; e cerca de 2.170 hospitais filantrópicos como a nossa Santa Casa que atendem o SUS  (com responsabilidade de pagamentos pelo Gestor Municipal), atendem a planos de saúde, particulares e convênios.
Neste sentido, os hospitais que mais estão sofrendo por falta de pagamentos que cubra os seus custos são os hospitais. E é aí que precisamos olhar com urgência para o que está acontecendo com a Santa Casa de Valinhos, pois há uma grande diferença entre ela e os hospitais particulares com fins lucrativos e públicos.
As Santas Casas que,no Brasil respondem por cerca de 60% de todas as internações do SUS,não têm fins lucrativos, nem reservas e precisam ser reconhecidas e legitimadas pela comunidade, pelos empresários e,  especialmente, pelo Poder Público que é o Gestor Pleno do SUS.
A operação para manter um hospital aberto é de uma complexidade imensa, talvez a mais complexa das operações de gestão. Há muitos custos que precisam ser mensalmente cobertos. E, no caso da nossa Santa Casa, ela é realizada de três formas:  a primeira é a responsabilidade do hospital com uma boa gestão e o faturamento junto aos planos de saúde; a segunda a concretização do pagamento ao hospital feito pelo Gestor Municipal, neste caso a Prefeitura, em função dos atendimentos ao SUS e, por fim, o comprometimento da sociedade com cerca de 10% a 15% do custo mensal do hospital com envolvimentos e ações da comunidade. Um custo total mensal que chega a quase R$ 5 milhões em função do tamanho do hospital pela quantidade de leitos atreladas ao tamanho da população.
Toda a ação é altamente bem-vinda neste momento e os representantes da Santa Casa não se furtam de cumprir seus papéis, como realizar a gestão e mobilizar a comunidade. A realização da palestra “Caçadores de Bons Exemplos” pode parecer pequena, mas é o melhor caminho para se atingir o objeto, ou seja, ajudar a Santa Casa, conscientizando a população e os poderes constituídos.
São em eventos desta natureza que descobrimos o poder da ação colaborativa e do exercício da cidadania. Sim, a comunidade tem grande responsabilidade sobre essa instituição que é uma das mais antigas em atividade em nossa cidade e com certeza um bom exemplo de atitude e de altruísmo que devemos resgatar.

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