Opnião

Como proteger crianças e adolescentes na era digital

Gabriel de Sousa Vieira, CRP 06/140207 – Psicólogo do Acolhimento da Casa da Criança de Valinhos

Com o avanço das tecnologias, os cuidados dos pais e responsáveis também precisam avançar. Muitas das ferramentas desenvolvidas para facilitar o nosso cotidiano podem facilmente ser subvertidas para que ações criminosas venham a ser cometidas.

Hoje em dia, a vida sem o uso de aparelhos conectados à internet é inevitável, pois vivemos em uma geração que já nasceu neste mundo permanentemente conectado. As preocupações dos responsáveis devem abranger desde o limite de tempo para uso de telas até o cuidado com os estranhos com quem as crianças e adolescentes se comunicam, seja por meio de redes sociais ou na interação proporcionada pelos jogos eletrônicos online.

Recentemente, com o avanço das inteligências artificiais, novos riscos devem estar no radar de pais e responsáveis. Sistemas de IA podem criar textos, imagens e até vídeos atendendo a comandos simples feitos pelo usuário. E o resultado cada vez mais se assemelha à realidade, a algo criado por nós, humanos.

Isso traz muita facilidade para diversas atividades profissionais, mas também tem seus problemas e riscos. Inicialmente, começamos a ver adolescentes utilizando essas ferramentas para fazer trabalhos escolares, por exemplo. As ferramentas para identificar trabalhos feitos por IA ainda não são totalmente eficazes e são pouco utilizadas nas escolas.

Como problemas mais sérios, observamos uma onda de conteúdo de nudez criado por IA. O sistema consegue criar um “nude” falso, tendo como base uma imagem retirada de uma rede social, por exemplo. Os deepnudes, como são chamados, já são um problema real nos Estados Unidos, e no Brasil já houve casos, como o de uma escola em Porto Alegre, em que 16 adolescentes tiveram falsos nudes criados por IA e compartilhados nas redes.

Nestes casos, a legislação vigente ainda não possui recursos específicos para punir os culpados, o que exige que essa pauta seja levada aos cuidados do poder público para que estratégias sejam discutidas. No âmbito familiar, algumas medidas podem ser tomadas para preservar as crianças e adolescentes de situações como estas. É necessário estar atento ao uso que nossos filhos fazem da internet, e isso pode ser feito com ferramentas como o Google Family, que permite ter acesso ao histórico de navegação e controle de tempo de tela, por exemplo.

A conscientização quanto aos riscos da exposição nas redes também deve ser tema permanente. Na adolescência, é comum que não haja tanta preocupação com as consequências dessa exposição, sobretudo em uma época cheia de influenciadores digitais que expõem toda a sua vida nas redes, mas até que haja mais maturidade, os pais devem atuar como esse agente mediador. Infelizmente, não há uma forma que seja 100% segura, mas todos os recursos possíveis devem ser considerados para a proteção das nossas crianças e adolescentes.

5 Principais orientações para pais e responsáveis

  1. Limite de tempo de tela: Estabelecer regras claras sobre a quantidade de tempo que crianças e adolescentes podem passar em frente a telas, seja para lazer, estudos ou outras atividades.
  2. Supervisão das interações online: Monitorar com quem as crianças e adolescentes estão se comunicando nas redes sociais e jogos online, para proteger contra interações perigosas ou inadequadas com estranhos.
  3. Uso de ferramentas de controle parental: Utilizar ferramentas como o Google Family para acompanhar o histórico de navegação, limitar o tempo de uso de dispositivos e acessar relatórios de atividades online.
  4. Educação sobre os riscos da exposição nas redes: Ensinar constantemente sobre os perigos da exposição exagerada nas redes sociais, especialmente em relação à publicação de fotos e informações pessoais que podem ser usadas indevidamente.
  5. Consciência sobre as novas tecnologias de IA: Manter-se informado sobre os avanços em inteligência artificial e os riscos associados, como a criação de deepfakes, e educar os filhos sobre essas ameaças, incentivando um uso ético e seguro das tecnologias.

Os serviços oferecidos, como o Serviço de Acolhimento Institucional, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e o Serviço de Acolhimento Familiar, são realizados em parceria com a Prefeitura Municipal de Valinhos, através da Secretaria Municipal de Assistência Social. Para apoiar ou obter mais informações sobre a Casa da Criança e do Adolescente de Valinhos, entre em contato pelos telefones 19 3871-0546 / 3869-5654, pelo WhatsApp 19 99576-6257 ou acesse o site [casadacriancadevalinhos.org.br](http://casadacriancadevalinhos.org.br/).

Sobre a Casa da Criança de Valinhos – Há mais de 30 anos, a Casa da Criança de Valinhos, reconhecida, por vários anos e edições, com o prêmio Melhores ONGs do Brasil, Selo de confiança DOAR, Prêmio Vol Voluntariado Nacional, atua como a única organização de acolhimento institucional da cidade. Em parceria com a Prefeitura Municipal de Valinhos, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, oferecem três frentes de trabalhos sociais e culturais disponíveis à comunidade. Além do Acolhimento Institucional, apresenta o Acolhimento Familiar e o Projeto Janela aberta/Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, que inclui também a parceria com a Secretaria Municipal de Cultura e com a Secretaria Municipal de Esportes.

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