Opnião

Anélio Zanuchi: um pioneiro na defesa da criança e do adolescente

Nesta semana, Valinhos se despediu de um de seus maiores heróis: Anélio Zanuchi, fundador da Casa da Criança e do Adolescente. Mais do que um visionário, Anélio foi um homem de ação, que dedicou sua vida às causas assistenciais e à defesa intransigente dos direitos das crianças e adolescentes. Muito antes de termos um marco legal como o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), criado em 1990, ele já acolhia aqueles que a sociedade ignorava, os chamados “meninos de rua”. O que hoje se faz com um post nas redes sociais, ele fazia com o coração e as mãos, transformando vidas de verdade.

Anélio foi um homem à frente de seu tempo. Quando muitos ainda não discutiam os direitos da infância, ele já olhava para os pequenos e vulneráveis com a dignidade que mereciam. Em 1993, a criação da Casa da Criança formalizou o que já era uma missão de vida: proporcionar acolhimento, segurança e oportunidades a jovens que, sem ele, teriam visto suas vidas desmoronar. Sua luta era por dar a esses jovens não apenas abrigo físico, mas, sobretudo, emocional, oferecendo um porto seguro em um mundo cheio de incertezas.

Embora a assistência social já estivesse institucionalizada em Valinhos na época em que Anélio começou seu trabalho, o sistema ainda não alcançava todas as demandas sociais, especialmente quando se tratava de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Foi nesse cenário que Anélio se destacou, acolhendo com amor e dedicação aqueles que mais precisavam. Desde sua fundação, a Casa da Criança e do Adolescente já acolheu centenas de jovens e crianças vítimas de violência e abandono, oferecendo-lhes mais do que um lugar para morar, mas um lar e um caminho para um futuro melhor.

A trajetória de Anélio se entrelaça profundamente com a história do terceiro setor em Valinhos. Antes mesmo de a comunidade local compreender plenamente a complexidade das questões sociais, ele já era uma referência na defesa do bem-estar das crianças e adolescentes. Seu trabalho na Casa da Criança abriu caminhos e serviu de exemplo para muitas outras instituições que surgiram na cidade e na região, consolidando-o como um pilar do fortalecimento do terceiro setor. Sua ação humanitária foi mais do que caridade; foi a prática de um ideal de vida que demonstrava o verdadeiro amor ao próximo.

O nome de Anélio se confunde com o desenvolvimento social de Valinhos. Quando poucos falavam sobre inclusão, e quando o conceito de vulnerabilidade social ainda não era uma pauta comum, ele fazia o que muitos hoje defendem em discursos ou em campanhas pontuais. A missão de Anélio nunca foi sobre ter visibilidade, mas sobre mudar vidas. Enquanto muitos veem o voluntariado como algo secundário, ele o enxergava como um dever inalienável. E sua postura à frente de tantas causas sociais fez com que se tornasse um exemplo a ser seguido, uma referência ética e moral para nossa cidade.

Em tempos em que o engajamento social é, muitas vezes, reduzido a likes e compartilhamentos, Anélio nos mostra, com sua trajetória, que o verdadeiro impacto vem de ações concretas e de uma dedicação genuína. Ele não buscava holofotes, mas sempre estava lá, fazendo o que era necessário. Os “meninos de rua”, os jovens vulneráveis, os excluídos: todos encontraram em Anélio não apenas um protetor, mas uma figura paterna, alguém que acreditava em um futuro melhor para cada um deles.

O impacto de Anélio foi notável em Valinhos, na região e no estado de São Paulo. Sua dedicação incansável à defesa das crianças e adolescentes vulneráveis inspirou instituições e pessoas a seguirem seu exemplo de amor e ação. Embora o modelo de atendimento da Casa da Criança tenha sido formalizado com o ECA e outras normativas legais, o toque humanitário e acolhedor que Anélio deu à instituição, especialmente em seus primeiros anos, foi fundamental para o sucesso do projeto e para a transformação de tantas vidas.

Ao nos despedirmos de Anélio, não lamentamos apenas a perda de um grande homem. Celebramos a vida de alguém que escolheu, todos os dias, fazer o bem, mudar vidas e construir um futuro melhor para as crianças e adolescentes de Valinhos. Seu legado, de amor e de ação, é um exemplo que nossa comunidade nunca esquecerá.

Anélio nos ensinou que o amor ao próximo não é uma postagem, mas uma prática diária, feita com coragem, determinação e um coração imenso. Que seu exemplo inspire todos nós a sermos melhores, a fazermos mais e a nunca desistirmos de lutar pelo bem comum.

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