Opnião
A urgente luta contra a pedofilia e a proteção de nossas crianças
A prisão do pastor Agnaldo Roberto Betti, de 58 anos, por práticas de pedofilia na última quarta-feira, dia 3, em Valinhos, é um alerta para todos nós. A operação Escudo da Inocência, conduzida pela Polícia Federal, trouxe à tona um crime hediondo que atinge toda a sociedade brasileira. Agnaldo, pastor da igreja evangélica Assembleia de Deus Ministério Belém de Campinas, era uma figura de confiança para muitos, o que torna o impacto desse episódio ainda mais profundo.
Este caso não é apenas um problema local de Valinhos. Ele representa um crime internacional, uma rede de abuso e exploração que se estende pelo mundo cibernético. A distribuição de pornografia infantil e nudes de crianças é um ato de extrema crueldade. Para que essas imagens existam, alguém, em algum lugar do mundo ou até mesmo aqui em Valinhos, cometeu abusos reais contra crianças. Além de violar a inocência de seres indefesos, esses criminosos registraram os atos para o deleite de outros maníacos.
Não importa de onde procedam as imagens compartilhadas e distribuídas por Agnaldo – sejam da Ásia, África ou Brasil – a pedofilia é um crime internacional que deve ser combatido com o rigor da lei. As vítimas são inocentes, tendo suas infâncias destruídas por predadores sem escrúpulos. Esse episódio reforça a necessidade de uma rede de proteção mais forte para nossas crianças e adolescentes, tanto no mundo real quanto no virtual.Em Valinhos, os números são alarmantes. No ano de 2023, foram registradas 29 ocorrências de estupro, das quais 23 eram de estupro de vulneráveis – crianças e adolescentes abaixo de 14 anos. Nos primeiros cinco meses de 2024, dos 14 crimes de estupro registrados, 12 foram de estupro de vulneráveis. Esses dados evidenciam a urgência de reforçar a rede de proteção em nossa cidade.
Nossa rede de proteção em Valinhos funciona bem, mas precisa de mais infraestrutura e recursos humanos. O trabalho do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), do Conselho Tutelar, da Vara da Infância e da Juventude, da Casa da Criança e do Adolescente de Valinhos – abrigo que acolhe crianças vítimas de maus-tratos – e da Secretaria de Assistência Social é fundamental. Esses órgãos precisam de apoio contínuo para que possam atuar de maneira eficaz e abrangente.
Por outro lado, os pais têm uma responsabilidade crucial na missão de combater o abuso infantil e a pedofilia. É necessário estar atento à presença de seus filhos na internet e nas redes sociais, que se tornaram os territórios preferidos desses algozes e predadores de crianças. Mesmo que cause desconforto e descontentamento, é preciso impor regras claras sobre a quantidade de tempo que crianças e adolescentes podem passar em frente às telas, seja para lazer, estudos ou outras atividades. A supervisão dessas interações online é fundamental. Ferramentas como o Google Family podem ser utilizadas para acompanhar o histórico de navegação e acessar relatórios de atividades online, ajudando a protege-las.
A prisão de Agnaldo Roberto Betti deve servir como um ponto de inflexão, um momento de reflexão e ação. Devemos nos unir como sociedade para garantir que nossas crianças estejam seguras, tanto no mundo real quanto no virtual. Isso exige uma combinação de medidas legais rigorosas, suporte robusto às instituições de proteção e um compromisso renovado dos pais em monitorar e guiar as atividades de seus filhos na internet.
O combate à pedofilia é uma responsabilidade coletiva. Cada um de nós deve estar vigilante e disposto a tomar medidas para proteger os mais vulneráveis entre nós. Somente com uma ação coordenada e determinada poderemos criar um ambiente seguro e saudável para nossas crianças crescerem. O silêncio e a omissão não são opções diante de um crime tão devastador.
Em memória das vítimas e em respeito ao futuro de nossas crianças, devemos renovar nosso compromisso com a justiça e a proteção infantil. Este é um chamado à ação, para que possamos construir uma sociedade onde a inocência e a alegria das crianças sejam preservadas e valorizadas acima de tudo.