Opnião
A Prefeitura é do povo!
Essa foi uma semana de “ressaca” para um grupo e de grande alegria para outro. Mas, o que poderia ser simplesmente a celebração de uma conquista acabou virando um sinal de preocupação. Em tempo de redes sociais é preciso saber que tudo o que fazemos pode estar sendo filmado ou gravado e até mesmo a mais “pura” demonstração de alegria pode ser interpretada de uma outra forma assim que o conteúdo cair na rede. E foi o que aconteceu na comemoração do vencedor das eleições no último domingo, dia 2.
Na euforia da comemoração pela vitória, a equipe do Dr. Orestes cometeu dois deslizes. Num primeiro momento ao bradarem “Fora, Clayton”, como se o atual prefeito e seu grupo estivessem governando a cidade de forma ilegítima ou querendo, assim como os petistas estão fazendo Brasil afora, defender a tese do golpe desde o impeachment da presidente Dilma, plagiando o “Fora, Temer”.
Importante lembrar que, assim como Dr. Orestes, Clayton também foi eleito democraticamente em 2012 e naquela vitória não houve nenhuma afronta ao prefeito Marcos, que naquela ocasião não havia conseguido eleger seu sucessor, o então vice-prefeito engenheiro Moysés.
Não bastasse esse brado, o grupo que se dirigiu a Prefeitura fez um pequeno “pit stop” na esquina das avenidas dos Esportes e Onze de Agosto, comitê do ex-petista Alexandre Tonetti (PDT), terceiro colocado nas eleições, para que Dr. Orestes pudesse parabenizá-lo pela “concorrência leal”. Ao chegar à Prefeitura o grupo brada eufórica e ufanisticamente o grito: “A prefeitura é nossa!”, cometendo assim, o segundo deslize. Queiramos acreditar que tudo não passou de um grande equívoco provocado pela euforia da conquista. Afinal de contas, qualquer prédio público, mas esse especificamente, chamado de Palácio da Independência, é do povo e não do grupo que saiu vitorioso das urnas. O ato destoou do tom da campanha do vereador e médico que pleiteava chegar ao piso superior do prédio da Rua Antonio Carlos, 301.
Essa foi a primeira vez na história recente de nossa emancipação político-administrativa que um grupo, ao vencer as eleições, foi até o Paço Municipal, pois as comemorações sempre foram no Ginásio de Esportes ou numa praça pública.
Quem vence tem sim de comemorar, e comemorar bem e bonito. Vitórias são ritos de passagens que precisam ser celebradas. Contudo, a celebração é para marcar e valorizar a vitória e seu vencedor, neste caso Dr. Orestes, o único legítimo neste processo, pois do sufrágio do dia 2, foi eleito com 22.735 votos. Os demais, aqueles que ajudaram a vencer, serão coadjuvantes desta história que se inicia no dia 1º de janeiro de 2017, dentro dos critérios estabelecidos pelo novo prefeito e serão, assim como foi a equipe de Clayton Machado, cumpridores e reféns da lei. Fora isso, estarão, sim, fazendo da Prefeitura a extensão das suas “empresas” ou suas “casas”.
Ao gritarem “A prefeitura é nossa!”, transmitiram a ideia de que aquele espaço é de quem se achar no direito de aglutinar um grupo e ir até o local e tomar de assalto, sem o devido e merecido respeito àqueles que lá trabalham e se dedicam na administração da cidade, quer seja prefeito, secretários ou servidores.
Fato é que o poder emana do povo e esse poder Dr. Orestes recebeu, pois uma parcela da cidade foi às urnas e ali depositou um voto de confiança neste que será o 16º prefeito de Valinhos. Contudo, há todo um processo de transição que precisa ser realizado e respeitado.
Podemos até entender que se tratou de uma comemoração, mas no mínimo desrespeitosa. Queremos acreditar que a equipe que Dr. Orestes irá montar para governar Valinhos, não venha sedenta de vingança ou com a gana de perseguição. Neste sentido, vale um conselho ao novo prefeito: contenha os aliados mais eufóricos, pois serão estes os que lhes causarão os maiores dissabores e problemas ao longo desta jornada de quatro anos, pois para estes (uma minoria), tudo não passa de um jogo de “vale tudo”.