Opnião

A Culpa é da Marisa!

Desde o falecimento da ex-primeira-dama do Brasil, Dona Marisa Letícia Lula da Silva, no dia 3 de fevereiro de 2017, o réu, ex-presidente da República – declaradamente pré-candidato para as eleições de 2018 e, segundo pesquisas nada imparciais, possível 38o presidente –, além de ter usado, por diversas vezes, a morte de sua esposa em seus discursos emocionados, agora passou a citá-la, tanto nas oitivas da Polícia Federal quanto nas audiências da 13a Vara Criminal Federal de Curitiba. Se não bastasse as aparições com evidente estado de embriaguez, como o ocorrido em Joanesburgo, na África do Sul; os vídeos vazados que demonstram a vulgaridade jocosa com que o petista lida com questões delicadas como a orientação sexual, quando disse que a cidade de Pelotas era um “polo exportador de veados”; ou seu ululante apoio ao terrorismo, em virtude de sua ligação às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia; foi investigado nos crimes de lavagem de dinheiro, falsidade ideologia, tráfico de influência, organização criminosa e corrupção passiva e, por fim, condenado à pena de 9 anos e 6 meses – ironicamente a quantidade certas de dedos das mãos que lhe sobraram, o que demonstra que, apesar das falhas e da morosidade, nosso Judiciário, ao menos, sabe ser sarcástico.
Inicialmente, importa destacar o protocolo para o velório do cônjuge de um ex-chefe de Estado exige que seja feito de forma privativa, restrito apenas aos amigos e familiares, ou aberto ao público, com presença de políticos e admiradores, mas sempre levando em consideração a discrição, a serenidade e, sobretudo, a formalidade que requer uma cerimônia fúnebre. A história recente mostra alguns exemplos: como ocorreu com Ruth Cardoso, na Sala São Paulo; Ana Elisa Surerus, ex-esposa de Itamar Franco, no Cemitério de Contagem; Dulce Figueiredo, velada em seu apartamento no Rio de Janeiro; e Lucy Geisel, no Cemitério São João Batista, também no Rio de Janeiro. Ao avesso, o velório de Dona Marisa ocorreu na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, com direito a aplausos, gritos de ordem e, é claro, discurso político do viúvo – faltou apenas que o cadáver da ex-primeira-dama fosse sentado e coroado, para que seus súditos realizassem a tradicional cerimônia do beija-mão, como o fez Dom Pedro I de Portugal, com sua amada e morta Inês de Castro.
Todavia, o metalúrgico não apenas desrespeitou a morte de sua esposa durante o velório, de forma ainda mais tétrica, reiteradamente, se eximiu de diversas acusações alegando ignorância e pondo sua querida na reta, não apenas em relação à aquisição do sítio de Atibaia, mas também ao tríplex do Guarujá e à falta de pagamento dos aluguéis do apartamento vizinho ao dele, em São Bernardo do Campo.

Felipe Adaid, advogado criminalista, mestre em Educação e Políticas Públicas.
 

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