Alternativa

Seis valinhenses lutaram na Revolução Constitucionalista de 1932

M.M.D.C. é o acrônimo pelo qual se tornou conhecido o levante revolucionário paulista, em virtude das iniciais dos nomes dos estudantes paulistas Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo, mortos pelas tropas federais num confronto ocorrido em 23 de maio de 1932, que antecedeu e originou a Revolução Constitucionalista de 1932.  (Pinterest/Divulgação)

*Reprodução do texto do jornalista Luiz Felipe Leite –  publicado na Folha de Valinhos em

Em 9 de Julho de 1932, o Brasil vivia sob a ditadura do gaúcho Getúlio Vargas e os paulistas, fartos de interventores de outros estados, resolveram pegar em armas para derrubar o então ‘Governo Provisório’ e forçar a convocação de uma Assembleia Constituinte. Seis jovens valinhenses se juntaram ao movimento, conhecido atualmente como Revolução Constitucionalista de 1932. A reportagem da Folha de Valinhos, em homenagem ao aniversário do conflito, comemorado no último domingo, 9,conversou com parentes dos ex-combatentes, que falaram sobre a história da revolução.

Nereedes Menzen Faria, Fortunato Dovilio Borin, Heles Pinheiro, Miguel Speranza, Amador Lourenço (Doda) e José Ribeiro de Oliveira, atualmente falecidos, representaram o então Distrito de Valinhos no conflito que durou três meses (De julho a outubro) e terminou com a vitória do Governo Federal contra o Governo de São Paulo.

Durval José Faria, um dos dois filhos de Nereedes Menzen Faria (mais conhecido como Combatente Faria), disse que o pai tinha muito orgulho da maior data do povo paulista. “Meu pai participava de todos os eventos relativos à Revolução de 1932. Também ia aos desfiles de 7 de Setembro. Era algo que ele fazia com muita felicidade”, comentou.

Faria se alistou por conta própria aos 22 anos de idade. Na época ele morava em Campinas junto da família. Ele serviu no 3° Batalhão do 5° Regimento de Infantaria em Cruzeiro, perto da divisa com o Estado do Rio de Janeiro. O ex-combatente faleceu em 2005, aos 95 anos. “Ele ficou aquartelado (dentro do quartel) praticamente o tempo todo. Mesmo assim ele disse que foi uma experiência que levaria para o resto da vida. E isso ele fez. Só lamento que as pessoas de hoje não valorizam essa época como deveriam”, disse Durval.

Fortunato Dovilio Borin, também conhecido como Nato, era um dos melhores amigos de Nereedes Menzen Faria. A família dele é uma das mais tradicionais de Valinhos. O dentista Hélio Schiavinato, genro de Borin, disse que o sogro também falava da data ‘com muito orgulho’. “Não conversava muito disso com ele. Mas meu sogro dizia que tinha muito orgulho da época. Ele participou dos desfiles cívicos até o fim da vida”, explicou.

O sogro de Schiavinato também tinha 22 anos quando foi convocado para lutar na Revolução de 1932. Ele serviu em Amparo, cidade localizada a quase 67 quilômetros de Valinhos e perto da divisa com o Estado de Minas Gerais. “O povo infelizmente tem memória curta para esse tipo de coisa. Essa parte histórica deveria ser mais valorizada”, lamentou.

Revolução

A Revolução Constitucionalista de 1932, também conhecida como Revolução de 1932 ou Guerra Paulista, foi o movimento armado ocorrido no Estado de São Paulo, entre julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo derrubar o governo provisório de Getúlio Vargas e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte. Getúlio havia tirado o presidente Washington Luís do poder, exilado o paulista Júlio Prestes (candidato eleito presidente nas eleições de 1930 contra o próprio Getúlio), fechado o Congresso Nacional, retirado os governadores dos Estados, fechado as Assembleias Legislativas e as Câmaras de Vereadores de todo o Brasil, além de cassar a Constituição de 1891, entre outras ações criticadas pelo povo de São Paulo. Após a nomeação de um governador de outro Estado para administrar São Paulo, e a morte de quatro jovens paulistas durante protestos contra o Governo Federal, em 9 de julho começou a Revolução Constitucionalista.

 

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