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A Páscoa em tempos de dualidade: uma reflexão urgente

A celebração da Páscoa, que neste domingo, 20 de abril, renova a esperança e a fé em corações por todo o mundo, ecoa através dos séculos como um farol de luz em meio às trevas da existência humana. A mensagem de Jesus Cristo, que acompanha a história da humanidade há mais de dois milênios, ressoa com uma força particular neste início do século XXI, um tempo paradoxalmente marcado por avanços tecnológicos sem precedentes e por desafios existenciais profundos.

As novas tecnologias, inegavelmente emancipatórias e mediadoras de inúmeras conquistas, também se tornaram um campo fértil para a deturpação da essência da mensagem cristã. A mesma internet que permite a disseminação da Palavra de Deus a cantos remotos do planeta é, por vezes, utilizada para propagar discursos de ódio, intolerância e divisão, valores diametralmente opostos aos ensinamentos de amor e compaixão pregados por Jesus.

O propósito da vinda de Jesus ao mundo era claro e inequívoco: a salvação de uma humanidade corrompida pelo pecado. O Messias tão esperado, em sua breve passagem terrena de pouco mais de três décadas, ofereceu um caminho de redenção e reconciliação com Deus. Contudo, a incompreensão, o egoísmo e a desconexão com os propósitos divinos culminaram em sua crucificação. Mas essa morte, aos olhos da fé, não representou um fim, mas sim o cumprimento da Palavra, o sacrifício supremo do Filho de Deus em prol da salvação da humanidade.

No presente, somos confrontados com uma dualidade inquietante, intensificada pela onipresença das telas em nossas vidas. A atenção, outrora voltada para o transcendente e para as relações humanas genuínas, encontra-se frequentemente cativa nos dispositivos eletrônicos, subtraindo tempo precioso para a introspecção e para a conexão com o divino. As redes sociais, apesar de seu potencial de conectar pessoas e democratizar informações, também se tornaram palcos de polarização, exacerbando a dicotomia entre paz e guerra, amor e ódio, bondade e maldade, alegria e tristeza.

O cenário geopolítico global reflete essa turbulência interna. Conflitos como a guerra entre Rússia e Ucrânia e a tensa situação entre Israel e Hamas abalam as estruturas internacionais, elevando a cada dia o potencial destrutivo das grandes potências. A crise climática, com seus impactos cada vez mais evidentes, ameaça a própria sustentabilidade do planeta. A crescente desigualdade socioeconômica aprofunda o abismo entre ricos e pobres, enquanto a guerra comercial tensiona as relações entre nações. Curiosamente, essas convulsões não são uma surpresa para a fé cristã. As palavras de Jesus, registradas em Mateus 24:6-7, ecoam através dos séculos com uma impressionante atualidade: “E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares.”

Em sua mensagem, Jesus se apresentou como o caminho, a verdade e a vida. E, embora a Palavra de Deus e a mensagem do Evangelho continuem a se expandir pelo mundo, conforme profetizado, uma parcela significativa da humanidade parece persistir em acreditar em um mundo de separação e antagonismo, praticando o oposto dos ensinamentos de Cristo.

Lamentavelmente, a própria mensagem de Jesus tem sido, por vezes, utilizada como fator de divisão. Alguns influenciadores religiosos contemporâneos, distanciando-se do exemplo de Jesus – que construiu a maior rede social da história com apenas doze apóstolos –, valem-se do egocentrismo para distorcer a Palavra. Em vez de proclamar a essência do Evangelho, utilizam contextos para autopromoção, buscando incessantemente “likes” e “compartilhamentos” de mensagens que, muitas vezes, se afastam dos pilares do amor, da humildade e do serviço ensinados por Cristo.

Neste momento crucial, a humanidade necessita resgatar a verdadeira essência do Evangelho. Precisamos desesperadamente vivenciar a paz que transcende a compreensão humana, aquela paz que só pode ser encontrada em Jesus Cristo. A Páscoa nos convida a uma reflexão profunda sobre o sacrifício, o amor incondicional e a esperança que emanam da ressurreição. Que possamos, em meio à dualidade e aos desafios do nosso tempo, renovar nossa fé e buscar viver em consonância com a mensagem transformadora de Jesus, construindo pontes de entendimento, semeando a paz e cultivando o amor em nossos corações e em nossas relações. Que a luz da Páscoa ilumine o caminho para um futuro mais fraterno e esperançoso para Valinhos e para toda a humanidade.

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