Saúde

Pesquisa identifica fatores associados a um AVC mais grave

Estudo mostra que hipertensão, tabagismo e fibrilação atrial foram relacionados a piores desfechos; confira os principais sinais e quando procurar ajuda médica

Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein

Uma pesquisa publicada em dezembro no periódico Neurology aponta que ter hipertensão ou fibrilação atrial – um tipo de arritmia cardíaca – ou fumar aumenta o risco de um acidente vascular cerebral (AVC) mais grave. Os resultados ressaltam a importância de controlar esses fatores, considerados modificáveis, para reduzir o risco de desenvolver sequelas severas.

Os autores usaram dados do INTERSTROKE, um estudo internacional que avalia pacientes recrutados em 32 países entre 2007 e 2015, e compararam diversos casos de AVC com quem não sofreu um evento desse tipo. O objetivo era estabelecer uma associação entre os fatores de risco e analisar como eles contribuem para os desfechos.

São considerados quadros severos aqueles que deixam sequelas graves, como depender de assistência constante, ou mesmo morte. Já nos casos moderados, a pessoa consegue preservar a capacidade de caminhar sem ajuda, por exemplo.

Após o ajuste de vários fatores, os autores constataram que pessoas com pressão alta têm um risco 3,2 vezes maior de sofrer um AVC severo e quase o triplo de apresentar um derrame em qualquer intensidade, em comparação àquelas com pressão normal.

A fibrilação atrial aumenta em 4,7 vezes o risco de um acidente vascular cerebral grave e em 3,6 o de um quadro leve em relação a quem não tem esse problema cardíaco. Já o tabagismo praticamente duplica a probabilidade de um AVC, segundo a pesquisa.

Para especialistas, o resultado não surpreende considerando o impacto vascular das condições avaliadas. “Esses fatores têm efeitos diretos e mais imediatos sobre a dinâmica vascular e a coagulação”, explica a neurologista Gisele Sampaio Silva, do Hospital Israelita Albert Einstein.

A hipertensão pode causar hemorragias cerebrais devido à ruptura de vasos, enquanto a fibrilação atrial frequentemente resulta em embolias (formação de trombos) grandes e mais graves. O cigarro, por sua vez, acelera o enrijecimento arterial e reduz a elasticidade vascular.

Os pesquisadores também avaliaram a relação de condições como diabetes, colesterol alto, consumo de álcool, qualidade da dieta, sedentarismo e circunferência abdominal. Ainda que sejam fatores de risco para AVC, não foi encontrada uma associação tão forte com a gravidade do evento. “Embora colesterol alto e diabetes sejam fatores importantes, seus impactos geralmente são mais progressivos e crônicos, não resultando necessariamente em eventos agudos tão graves”, explica Silva.

A gravidade de um AVC depende de múltiplos fatores, incluindo a localização e extensão do dano — quando afeta áreas críticas, como o tronco cerebral, causa déficits mais graves. Entre os tipos de AVC, os hemorrágicos tendem a ser mais graves do que os isquêmicos.

Já o estilo de vida e a presença de comorbidades, sedentarismo e doenças crônicas podem piorar o prognóstico. “Apesar disso, o resultado de um AVC pode ser imprevisível, pois depende também da resposta individual ao evento e da rapidez no acesso ao tratamento​”, observa a neurologista.

Há ainda casos de AVC que podem não estar relacionados a fatores de risco tradicionais ou modificáveis, como aqueles em que há certas malformações ou doenças autoimunes como vasculites. Esses casos reforçam a necessidade de diagnóstico preciso e estratégias personalizadas para prevenção e manejo.

Saiba quais são os sinais de um AVC

Sempre vale ficar atento aos seguintes sinais e procurar atendimento de emergência o quanto antes. Os tratamentos são mais eficazes quanto mais cedo forem administrados.

  • Dormência ou fraqueza súbita no rosto, braço ou pernas, especialmente de um lado do corpo;
  • Dificuldade para falar ou entender;
  • Problemas para enxergar em um ou ambos os olhos;
  • Dificuldade para andar, tontura ou perda de equilíbrio;
  • Dor de cabeça grave sem causa conhecida.

Fonte: Agência Einstein

COMPARTILHE NAS REDES