Opnião
A urgente necessidade de melhorar o sistema viário de Valinhos
A Folha de Valinhos recentemente publicou um levantamento alarmante com base nos dados do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo (INFOSIGA-SP). Segundo o levantamento, nossa cidade, com 19,58 óbitos por 100 mil habitantes, é a 10ª cidade com o trânsito mais letal do estado de São Paulo e a primeira na Região Metropolitana de Campinas. Estes números não podem ser ignorados e devem servir como um alerta urgente para todos nós.
Nos últimos 12 meses, o trânsito em Valinhos resultou em 26 vítimas fatais, uma média de 2,25 óbitos por mês. Além disso, em 2023 foram registrados mais de 582 acidentes de trânsito, com uma média de 48,5 acidentes por mês. Os dados mostram que a letalidade do trânsito em Valinhos continua alta em 2024, com 329 acidentes registrados entre janeiro e março, dos quais 10 resultaram em mortes.
Os dados do INFOSIGA-SP indicam que a grande maioria das vítimas fatais em Valinhos é do sexo masculino (87%), na faixa etária de 20 a 34 anos. As mulheres representam 13% dos óbitos. A maioria das vítimas são motociclistas (37%), seguidos por pedestres (16%), motoristas de automóveis (16%), ciclistas (6%) e caminhoneiros (5%). Este perfil aponta para uma necessidade urgente de medidas que abordem a segurança desses grupos específicos.
Ao analisar a evolução das mortes no trânsito em Valinhos nos últimos dez anos, de 2015 até março de 2024, observamos um aumento significativo na letalidade a partir de 2022, quando foram registrados 22 óbitos, superando a média de 13 a 15 óbitos por ano registrada anteriormente. No total, Valinhos contabiliza 150 óbitos causados pelo trânsito nesse período. Destes, 54,4% ocorreram em vias municipais, enquanto 42,2% aconteceram em rodovias sob a jurisdição do estado, como a Anhanguera, o Anel Viário Magalhães Teixeira e a Rodovia Dom Pedro I.
Com uma população de 126 mil habitantes e uma frota de 113.510 veículos emplacados até março de 2024, sendo 70.189 automóveis de passeio e 15.131 motocicletas, a situação de Valinhos no que tange à segurança no trânsito é preocupante. A cidade, que lidera em letalidade na RMC, está à frente de grandes cidades como Campinas, Sorocaba e Jundiaí.
A realidade exposta pelos números do INFOSIGA-SP não é apenas alarmante; é um chamado à ação para que possamos reverter essa tendência trágica. É evidente que nosso sistema viário precisa ser revisado urgentemente. A implementação de uma infraestrutura mais segura, com sinalização adequada e estratégias para melhorar a fluidez do trânsito, é essencial. No entanto, a infraestrutura por si só não resolverá o problema.
Precisamos de campanhas educativas que alcancem motoristas e motociclistas adultos, especialmente homens jovens, que são as principais vítimas. As campanhas atuais, que focam apenas nas crianças, são insuficientes. A educação para o trânsito deve ser abrangente, contínua e atingir todos os públicos. Motoristas e motociclistas precisam ser conscientizados sobre a importância da prudência e do respeito às leis de trânsito.
A mobilidade urbana e a segurança no trânsito devem ser prioridades na agenda dos candidatos a prefeito de Valinhos. Esse é um debate urgente e necessário, fundamentado em dados concretos que mostram a gravidade do problema. A cidade vai continuar crescendo e seu sistema viário precisa acompanhar esse crescimento de forma segura. Isso exigirá vontade política e uma atitude proativa de quem governará Valinhos nos próximos quatro anos.
A Folha de Valinhos continuará acompanhando e reportando essa situação, esperando que as autoridades e a sociedade tomem as medidas necessárias para transformar esses números alarmantes em histórias de prevenção e segurança. Valinhos merece um trânsito que preserve vidas, não que as tire. É nossa responsabilidade coletiva e dos nossos líderes garantir um futuro onde nossas ruas sejam seguras para todos.